Manifesto do coletivo Pó de Poesia
O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.
Creia.
A poesia pode.
(Ivone Landim)
domingo, 31 de outubro de 2010
Sub- Marino ( Série Sub-Mundo!)
Às vezes navegando
Me vejo num abismo Profundo
É tanta dor
Tanto ódio gratuito
Há homens mortos nas esquinas
Bêbados largados por suas famílias
Choram as almas do tais
Ficam a espera do milagre
Do pão que chega tarde
Da sopa morna nos carros da Ong da Paz
Estes que merecem cuidados
Estes que foram negados
Se negaram também a viver com dignidade
Estavam lá por causa de nós?
Ou por causa deles mesmos?
Saber isso não sei
Mas quem vai tirá-los de lá?
Você ?
Eu ?
Mergulhei ao fundo e vi
Que lá no mais profundo da mente humana
Somos egoístas
Mesquinhos
O pão vai para o lixo
E não damos para ninguém
Lixo jogado que alimenta
Comprado à beça
Para virar lixo remexido
Buscado
Lambido
Nas ruas da cidade
Onde eu passo e você também
Seus olhos ficam marejados?
Os Meus também....
Vamos sair desta profundidade
Vamos para a superfície
E ajudar?
Já cheguei aqui...
Quem vai me ajudar?!!!!
Sub - Metralhadora ( Da Série Sub - Mundo )
Margarida na varanda
Joaquin no quintal
- Crianças cuidado com o varal?!!!
- A bola vai ser furada!!!
- Já avisei molecada!
- O que foi isso!
- Meu Deus!!!!!
Rotinas e rotinas
Criançás felizes
Traquinas
Bola de meia na esquina
Pega - pega
De mentira
De Pegar Ladrão
De chutar o balde
De Taco
Garrafão
Mas lá do alto
Estampidos
Tiros repetitivos
Sons de Maquinação
Alvos errados
Peitos dilacerados
Meninos Mortos no chão
Margarida na janela
Joaquin rosto na mão
Mães na Lage choram
Nos morros choram Jõoes
A chuva mais uma vez vem
Balas perdidas nos corações
No peito
Orações
Repetição
Re petir ação!!!!
Meu Brasil chora
Por sons nos morros
Nas vielas
Nas velas postas nos chão!!!!!
Deus Nos Livre Dos Ais!
Foi um dia assim
Um Anjo Enviado Por Deus!
"Caminhar Contigo...."
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
A praça do imperador

Na praça do Imperador,
Há tanta vida e estrutura,
Há tanta história e escultura,
Cúpulas e arranha-céus.
Na praça do Imperador,
Há monumentos e lápides,
O palácio e antigas torres
Encimadas pela Virgem.
A praça do Imperador,
Ela a própria é um monumento,
Inscrita imagem, momento
De marchas e pavilhões.
Na praça do Imperador,
Há o antigo ancoradouro
Das naus outrora aportadas –
O Pharoux e o chafariz.
A praça do Imperador:
Terreiro da Polé, Largo
Do Carmo, Paço real,
Praça XV de Novembro.
Em tantos nomes e histórias,
Marco zero da cidade,
Nosso berço e nascedouro,
Venho manso desaguar-me.
Na praça do Imperador
De tantos rios e Rios
A desaguarem erráticos,
Posso sereno espraiar-me
Após tanto caminhar,
Após tanto navegar
Com braços, pernas e pés,
E o coração afogado.
Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.
IPÊ (Silviah Carvalho)
IPÊ
Autora: Silviah Carvalho
Blog: http://umcoracaoqueama.blogspot.com
Site: www.silviah.net
Ao chegar a primavera
E vires a flor nascer
Luta junto à natureza e,
Não deixes morrer o ipê.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
No meu olhar, no seu olhar, no nosso olhar...
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Naufragado

Entre a imagem do Almirante
E a copada amendoeira,
Eu me quedo, aqui me deixo,
Brevemente, uma efeméride
Absorta em pensamentos,
Mergulhada nos marulhos
De enseada luminosa,
Ao ouvir voz da estação
Incansável que anuncia
Os horários fugidios
Da chegada e da partida.
Mas, mirando o velho cais
Hoje seco e sem fragata,
Sem baía ou enseada,
Me pergunto ante Almirante
E essa antiga amendoeira
A respeito do Pharoux,
Se não foi onde aportei
Velhas naus desatinadas
Para sempre soçobradas,
Após tanto me afogar
Com varinas e marujos
Em vielas mareadas
E num mar de tantos ais
Que secou deixando apenas
A marítima lembrança
De partidas sem chegadas.
Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.
EU E O IPÊ (Silviah Carvalho e Arnoldo Pimentel)
Eu e o Ipê
Autores: Silviah Carvalho e Arnoldo Pimentel
Ouço palavras nos ventos
O canto das ondas no quebra mar
Vejo a lua procurando direção
Como uma câmera a fitar meu coração.
Em noites de chuva fina prefiro ficar na janela
Fugindo talvez, dos tristes olhos dela
Observo as vias, os carros parados
Imagino corações desesperados
Gotas cintilantes molham as vidraças
Como cristais de lagrimas a derreter
Vejo no outro lado da rua, o reflexo
Da minha tristeza, o solitário pé de Ipê
Suas flores roxas no chão mudam o cenário
Pintam um quadro imaginário
Minha vida, eu e quem sabe você
Abstrato – impossível crer...
Da minha janela vejo tudo que passa lá fora
Da fina chuva pessoas vão se esconder
Na praça balanços giram na força dos ventos
E você é constante nos meus pensamentos
Sinto-me preso a raros momentos
Vestígios em mim que ficou de você
Restos de saudades, frágeis lembranças
Que só diminuem minhas esperanças
Da minha janela sonho acordado com você
Desço as escadas da minha vida tentando te encontrar
Ao menos fim, uma triste realidade a vida sem te ter
Encosto-me, divido a saudade com meu solitário Ipê
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Assim é Paraty...
sábado, 16 de outubro de 2010
Herança

Mãe Preta contava histórias
Pros seus pequeninos dizia
Que a dor só é dor quando
Não se é compreendida
Mãe Preta sentava nos intervalos
Do fardo no banco rústico de seu
Descanso, os pés em pranto
Dizia que a dor fabricava guerreiros
Mãe Preta
Mãe Preta
No riso o tempo distante consolava
Os pequenos e as pequenas
Fios e fias da senzala
Que no choro e no medo amanhecia
No olho o elo do passado
Com o futuro da alforria
Mãe Preta vigiava pra dar
Esperança e alegria
E em seu coração a saudade
E a revolta ficavam de longe cansadas
Só os fios do tempo em Mãe Preta
Iam ficando brancos
Ivone Landim
Todos os direitos reservados
Crédito da imagem: Blog Projeto Poder para mulher preta
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
QUADRO
QUADRO
Autor: Arnoldo Pimentel (Blog: haikainosventos.blogspot.com)
Pintei um quadro na parede
Um quadro meio sem nada
Sem cores para brotar
Um quadro sem enfeites
Pintei um quadro pincelado de dores
De olhares sem vulto
Sem espelho para se fitar
Sem paredes para pintar
Pintei um quadro chamado solidão
Com muitas pessoas ao seu redor
E um sol tímido partindo no entardecer
Um quadro que não será lembrando
Mostra apenas o triste dia que vi morrer
Entre cores brancas do amanhecer
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
O Sol raiava...
De dia as flores se abrem...
Shalom...
sábado, 9 de outubro de 2010
SONETO DO ÚLTIMO LAMENTO ( Luciene Lima Prado)
SONETO DO ÚLTIMO LAMENTO
Autora: Luciene Lima Prado (Blog: http://poemastecidos.blogspot.com)
Cai de mim uma lágrima silente,
Pela esperada e derradeira vez;
Descendo sobre minha palidez,
Onde volta a cor displicentemente.
Seja a alegria irmã do meu coração,
Que no encanto do sol vespertino,
Trace em aquarela meu novo destino,
E faça igualmente do amor meu irmão.
Foi-se para sempre a última lágrima,
Vindo a felicidade como dádiva,
Que agora experimento em minha face.
Eu deixo que um novo sentir me abrace,
Que a agonia tem morada transitória
Onde o sorriso quer fazer história.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Indócil Idílio

Devido a feroz solidão que em meu peito aperta
Eu nem me dou conta da reluzente estrela cadente
Que bem devagar e sem cerimônia despenca na nossa frente
Dizendo que a luz que aponta para o nosso futuro é muito incerta.
Era uma noite melancólica
Os comércios estavam fechados
Nossos passos eram largos
E a gente passeava pela rua bucólica.
As coisas aparecem e desaparecem sem deixar rastro
No mundo tudo passa muito rápido
Os pensamentos se diluem como se tomassem ácido
Ou se quebram com facilidade como vaso de alabastro.
Este seu ar de quem subjugou toda uma cilvilização
E percebeu que isso não valeu de nada
Lembra o soldado que, aleijado, tenta manter a guarda.
Tudo cai aos nossos pés; cidades, pessoas, menos um coração.
Conforme nossos atos, podemos ser na vida animais ou vermes
Mas sempre estamos atrás de algo que se reproduza
Acho que em outra vida fui a espada com a qual Perseu cortou a cabeça da Medusa
Ou com a qual Judite cortou a cabeça de Holofernes.
De meu ser e minha gente sou orgulhoso
Amar a mim e a meu povo é o que me resta.
Nunca diga que uma pessoa não presta
Pois cada ser-humano é um mistério mavioso.
Enquanto julgavas que era para teu pé um calo
E na tua vida nada mais que um peso morto
Eu me perdia nas matas negras do teu corpo
E descobria que teu coração morava dentro do teu falo.
Quem haverá de salvar nossa juventude alada
Enxugar suas lágrimas de Alexandre castrado
Que chora amores perdidos do passado
Lamenta toda sua virilidade prostrada?
De tudo que não é do bem eu tenho asco
Mas o meu sonho é nós nos entendermos sem compromisso
Botarmos para fora todo desejo reprimidamente omisso
Rei Salomão e a Rainha de Sabá fazendo amor numa cama de Damasco.
Sei que de meu opróbrio não sou digno de redenção
Cabe a mim gemer o gemido atroz da ema
Queria ser mais imortal do que um lindo poema
Mas minha humanidade é a minha real maldição.
Nosso caso com muita dificuldade respira
Nas veredas tortuosas de suas artérias
Morrendo para dar vida a outras matérias
Na superfície da minha pele que transpira.
O lance é mandarmos o medo para um lugr onde ele se debande
Resgatamos nossa sinceridade perdida de criança
Reconquistarmos com labuta nossa auto-confiança
Pois dizer "eu te amo" é uma responsabilidade muito grande.
Marcio Rufino
Todos os direitos reservados
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Tenho que ir...
Quero ser curada vez em quando...
BEIJA-FLOR
BEIJA-FLOR
Autor: Arnoldo Pimentel (Blog: http://ventosnaprimavera.blogspot.com)
Vi um beija-flor beijando a flor
Mas não vi seus olhos
Estavam depois da ponte
Desde ontem
Vi seus olhos através da vidraça
Vidraça desenhada pela lembrança
Mas não tinha o beija-flor
Não tinha nem uma flor para lhe beijar com amor
Vi um beija-flor atravessando a ponte
Para enfeitar sua tarde
Sua tarde de sol cálido
Doce e ávido
Vi um beija-flor ávido de amor
Do seu amor
E nem mesmo o bilhete que deixei pra você
Na janela, colado à vidraça, ele levou
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Estranho

Quando a madrugada
Começava ceder vez ao dia,
Ergui-me e te vi,
Em frente ao espelho,
Sem maquiagem
A pentear os cabelos.
Confuso, percebi tua imagem
Refletida, encarando-me,
Enquanto ouvia o rumor de passos
E vislumbrava, ao fundo,
Através do espelho do toucador,
Parte da casa que desconhecia.
Mudo, sem me reconhecer
Num rosto sem tintas ou máscaras,
Sem luta ou memória,
Pio crente de ti e do fastígio do amor,
Contemplava a cena,
Estranho de mim, de tudo,
Ante uma alvorada vindo, inexorável,
Mais estranha ainda...
Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.
domingo, 3 de outubro de 2010
Bagagem de Mão
Não é tão espessa
Quanto a de madrinhas
e de padrinhos de poesia
que vivem a sacudir
poeira e verdades inteiras
Minha bagagem
Meus caros amigos poetas
É uma valise de mão
que carrega versos curtos
Essenciais a uma viagem
de ida, sem volta.
Jorge Medeiros