![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjpigSqWNl5PH9v7O0OAuCFyM-v1NIYF2KO87jQUngqeKVAku79-ojWbW78ibG5UwptYF8as-z7ka01Z8npz1L3TtQIKl158ud23a802xi6CSBkmBRUgLL6V1d_sCRkvDPG_JGerSt2Gg/s320/onda%5B1%5D.jpg)
Que rolam sem mar
Por entre alamedas,
Por entre esses carros,
Intrusas, incômodas,
Me trazem memórias
Bafio de mar,
De mar que secou,
De nau que afundou
Co’herói e piloto.
Qual doidas sem rumo
Se quebram, rebentam
No pé do edifício
De escarpa e marisco.
Na noite serena,
Do quarto eu as oiço
Marulho de outrora,
Repletas de vozes,
De guerras e amores,
De frotas inteiras
Que não transpuseram
Tormentas e cabos;
Que não encontraram
Bom termo e farol –
Imenso alarido
De gritos no escuro...
E assim quando saio
Com pasta na mão,
Ou chego abatido
Qual ave arribada
Os pés eu remolho,
Cansado e calado,
Num mar de cadáveres,
Atrás de enseada
Pra enfim descansar
Um lenho de carne
Que sulca esquecido
As ondas de um mar
Em que naufragou
Remoto na história.
Por isso o que quero
É enfim devolvê-las
Ao mar dos banhistas,
Ao mar dos surfistas
Que quebra na Atlântica
Sereno e tranqüilo.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.