
Meu corpo se depreende
Do Igarapé que há em mim
Entre as cenas na tela
Da saudosa pele de "Cherokee"
É a tinta da terra que
Se acorda para guerra
Com a máscara do tempo
Assisto num sobressalto
Movimento brusco que
Envermelha a pele
Infortúnio de um planeta suspenso
Os dentes agarram a faca
É o extermínio atravessado na boca
O cavalo é mensageiro
Galopa e anuncia o derradeiro golpe
Os ancestrais jazem no Campo Santo
A tribo que se vai é a minha
E as estrelas enfeitam e findam
Uma geração de almas
Há penas por toda parte
Sangue e penas e gramas e memórias
Nas mãos que seguraram os filhos da terra
O último suspiro na mira
É o orgulho da raça
Rastro do vermelho de "Cherokee"
Que apaga seu rosto da grande mãe
A tela atrai os raios de justiça
Desistindo do brilho que há no fim
Dos povos índigenas...
Ivone Landim
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