Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 17 de janeiro de 2010

Inês

Ó Inês, a morta,
Em mim tu vives
Febril e plena.

A sempre-viva,
A morta-viva
Tu és um entre.

Tu és um ventre
Materno e triste
Que quer parir-me.

Tu és lugar
Sem locus certo:
Entrelugar...

Pra sempre vives
Em quem se move
Febril, partido –

Inês de Castro,
Rainha póstuma,
Mesquinha nunca!

Inês é morta!
Mas não aqui
Em peito frágil.

Inês é viva!
Em quem sem fé,
Sem fé e amor

Só traz grilhões,
Um corpo asceta
Que se amesquinha,

Que espada alguma
Jamais sentiu
Na tenra carne,

Um corpo asséptico,
Que em vida ainda
É quase morto.

Inês Rainha,
Com quem caminha
Tão só, perdido,

Tu vais cantante
Tu vais cortante,
Mulher tão trágica

Em mim, o mudo
De corpo ocluso
Tão pouco lido;

Em mim, sem canto,
O quase morto
De tumba em tumba.

Entanto, tu
Embora morta
Na escrita vives.

Inês tão viva,
Malgrado morta,
Me faz teu Pedro!

Defunta viva,
Tu te coroas
Na minha vida

De vivo morto
Que quer ser pleno
Ainda vivo.

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