Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 6 de fevereiro de 2011

A morte da minha memória




Abre o pano. A rainha Hécuba está no palco arrasada diante das ruínas de Tróia, destruída pelos gregos. Isso me arrasa também, pois da platéia lembro-me de eu menino, com 5 anos de idade, quando minha mãe me levou no Tivoly Park. Quando estava no cavalinho um fotógrafo bonachão com barba e bigode fartos e brancos parecendo um Papai Noel gostou de mim e tirou uma foto minha. Qual o adulto que não se apaixona por um garotinho rechonchudinho, gordinho e carismático? Só que minha mãe não tinha dinheiro para pagar a foto. E infelizmente fui embora para casa sem aquela memória maravilhosa de um inesquecível momento de minha vida.

Volto a platéia do teatro e vejo Hécuba tomar uma porrada atrás da outra através das notícias do mensageiro. A filha Policena que terá de ser sacrificada no túmulo de Aquiles; a outra filha louca Cassandra que terá de ser sacrificada em honra ao deus Apolo, o netinho recém-nascido, filho de Heitor que será atirado do alto das muralhas de Tróia para não correr o risco de crescer e vingar os seus e a coitada não pode fazer nada. Eu também não pude fazer nada pelos textos infantis que escrevi ainda menino das minhas aventuras no Sítio do Picapau Amarelo onde eu aprontava mil e umas com a Emília, o Pedrinho, a Narizinho e o Visconde de Sabugosa. Eu escrevia tudo num caderno inspirado no programa que mais mexia com a minha cabeça. Mas o caderno se perdeu na poeira do tempo.

Volto novamente à platéia do teatro e vejo Hécuba se lamentar com Zeus de seu infeliz infortúnio e seguir cativa dos gregos. Fecha o pano. Fim do espetáculo.

Vou ao camarim cumprimentar a atriz e qual é o seu assombro quando digo a ela:

- Liga não, Hécubinha. Isso já aconteceu comigo também.

(Marcio Rufino)

Um comentário:

Camila Senna disse...

O palco de nossas vidas é regado de lembranças: "as importantes, as boas, as traumatizantes e as péssimas. rs
Mas é preciso o bom humor, regado de literatura tal como seu texto.

Adorei! Você arrebenta, meu amigo, Poeta Rufino.
Shalom, saudades!!!

((( Não esqueci do chocolate )))