Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mulher-Gato

Mulher-Gato

“olha meu cabelo! olha o meu sapato! olha aqui o meu rabo! E pode acontecer que às vezes a gente não tem vontade de ver rabo nenhum”]
Lygia Fagundes Telles, in As Horas Nuas.


Fechada a porta, o fio escuro percorre o corredor, até alcançar teus sapatos. Couro úmido, passo desleixado. Teus pés incautos encontram uma ponta de cauda. Não fosse a luz baixa, um par de olhos. Jamais um gato.
Ouça o ruído de minhas entranhas. Dentro desta carne, vibra uma máquina: ao puxar a corda, um miado desfaz seu enigma. Estou aqui, sobre a poltrona. No fim do percurso, reconhece seu autor: és o homem face ao mistério domesticado. Na minha boca, o silêncio dispersa a tensão de uma corda: notas agudas cercam as tuas pernas.
Quando a luz das lâmpadas te abrirem as retinas, outro corpo apagará mais uma vez meus vestígios.

Texto de Plynio Nava

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