Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 17 de dezembro de 2011

Lascas

Decidi. A ti, deixarei o relato das horas meias de fome e sede e os entalos que me fizestes engoli quando minha retina era invadida por rebanhos de luas em noites frias... tão frias que o orvalho nascia cachoeira salgada nas pedras de minha face. Deixarei as fotos dos caminhos que nunca percorri; os risos gravados em um vinil reciclável para que tu possas jogá-lo ao lixo se quiseres, ou pendurá-lo na parede como relíquia de um tempo ultrapassado e antigo, pois não há mais onde tocá-los. Mas se tua lembrança de mim for tão nítida (como tola penso) poderás ouvir estes risos e também o meu pranto ao fechar teus olhos; o barulho dos trilhos de um trem sem gare, sem condutor... sem nós. O vinho deixarei nas taças, aquelas com a digital de nossas bocas na margem, e lembrarás o quanto nos afogamos no tinto emergindo ainda mais vivos. Embrulharei com cuidado dois espelhos com a minha imagem. A mulher que fui e a que sou hoje. Verás a marca de nascença e a marca feita... não, não por ti... Minha infância deixarei em um desenho vivo! Guarda-o. Fecha-o aos sete versos, posto que talvez seja a única coisa alegre que eu tenha e que antes de ti tenha valido a pena. O que sobra de mim é a fumaça dos cigarros, névoa que dilata infinitamente as falhas, o ridículo no monóxido de carbono, o escuro, o silêncio... e isto não se tem como herança....



Poema de Maria Verde

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