que o vento arrasta, partilham-se por entre as núvens
no ocaso silencioso,
insites nos barcos a arder na baía,
insistes nas vozes que assombram as sombras,
insistes nos sonhos que eu não vislumbro, que não os meus
quão exaltados pelas síncopes do olhar.
Tudo e nada, como se o desejo prevalecesse,
assustam-me as coisas que sinto [que insistem].
Quando colas o verso pelo meio escaqueiro-me ao tormento,
recolocas as palavras que se reordenam sem pensar,
sem espantos, sem espantalhos,
e nesse contentamento teu que se me apega,
perpetua-se o esquecimento, que cá já não me pode alterar.
E insistes nos barcos, nas vozes e nos sonhos,
que não os meus.
Perdoa-me,
se me perco pela rota das açucenas em flor,
ou que me esqueça de ti por este instante apenas
[que seja].
Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)
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