Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sexta-feira, 15 de junho de 2012

carochas, bicicletas & biplanos - 10


O velho fundou uma banda de jazz. Na primeira jam session convidou um baterista e percussionista brasileiro, um contrabaixista português e um pianista americano. O contrabaixista despediu-se por confusão alcoólica, foi o seu argumento. O baterista vivia num mundo de ritmo próprio que os outros tentavam acompanhar. O pianista era louco o suficiente para aceitar todas as sugestões free. Mas esgotava-se e entrava em colapso. Saiu com um pesado esgotamento após duas únicas sessões de quatro a cinco horas cada. Foi substituído por um guitarrista do Mali. Mas os ritmos não acertavam com a percussão. O baterista não quis adaptar-se e o guitarrista foi emprestado a uma banda de world music. Entraram dois saxofonistas, alcoólicos e suaves, quase irmãos gémeos na abordagem dos temas mas lentos para o percussionista. O velho quis manter assim disfuncional e livre. Entrou novo contrabaixista com muita experiência, homem que nunca falava a não ser através do seu usado contrabaixo. Entendia-se com o baterista louco e colava as improvisações aos solos divagantes dos dois saxofonistas. Mas o velho queria um pianista. Nenhum dos que se apresentaram para fazer testes se encaixaram na secção rítmica. Apenas uma organista muito jovem e de ar angélico. Mas o som era excelente e viciante. O velho aceitou-a. A miúda, de apenas dezanove anos em certas faixas cantava o que deu ideias ao velho de ter uma vocalista. Entre os que surgiram ao anúncio, que foram muito poucos, só uma rapariga de grande porte, africana e de ar hip-hop se aventurava nos velhos standards de jazz que o grupo alterava. Fizeram um concerto memorável e louco. Depois cada um foi para o seu lado. O velho iniciou outra banda de jazz. Na primeira entrevista recebeu um famoso pianista desempregado. O velho ouviu por horas a fio. Mudou de ideias e decidiu gravar um disco mas precisava de um contrabaixista e de um baterista. Procurou e entrevistou milhentos músicos e escolheu o velho guitarrista do Mali. Ele aceitou tocar baixo e a usar uma caixa de ritmos. Fizeram um concerto brilhante e o grupo acabou por falecimento súbito do guitarrista, na noite pós-espectáculo. Após o funeral o velho iniciou os preparativos para uma nova banda, neste caso uma big band.

23 Jan.

Autor: Carlos Teixeira Luís

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