Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

49

(seja insectos citadinos que existem onde há pessoas, ou transportes de duas ou mais rodas que nos ensinam o equilíbrio & e libélulas gigantes com motor)

que é que queres
que eu diga mais
eu gosto de pessoas
de música e de boa poesia
de vinho e de gatos
mas não gosto de mariquices
prefiro um poema com verdade
a um ramo de flores poético
na voz duma alma qualquer
flores são bonitas
para quadros antigos impressionistas
mas sou alérgico
como aos gatos
mas estes suporto-os
um pouco de cada vez
e o raio dos gatos
gostam da minha presença
talvez algo de gato 
vadio de rua
sou um poço de incongruências
como qualquer um
que é que queres
que eu diga mais
sou muito vaidoso
todos os santos dias
me miro ao espelho
gosto de rugas
um rosto sem rugas
é uma mentira
um rosto sem rugas de tempo
é uma mentira
quem gosta de sentir uma mentira
debaixo da pele
ando para aqui e entrei porque a porta estava aberta
e ninguém me impediu de entrar
volto e venho 
e não tenho de explicar porque
era o que faltava
que é que queres
que eu diga mais
visto-me assim
com um fato barato e amarrotado
calço sapatos que se podem engraxar
mas não o faço
molho os pés porque estão furados os sapatos
não dispenso gravatas escuras e torcidas
nem sempre faço a barba
e levo no bolso direito
uma garrafa de cachaça
porque gosto de coisas brasileiras
mas fica descansado
abotoo sempre um botão do casaco
a porta estava aberta e entrei
que é que queres
que eu diga mais
se te parecer mal
manda-me embora
mas posso voltar se me apetecer
faço o que me apetece
aprenderás isso
não me dou com o vai para ali
e vem para aqui
não tenho nada
não tenho bens
só pessoas 
tenho-as no coração
nunca morrem
e já são muitas e às vezes gritam
todas juntas
claro que acredito em Deus
e espero que Ele ainda acredite em mim
que é que queres
que eu diga mais
nunca escrevi sobre baratas, bicicletas e avionetas
são meras metáforas
para as coisas que não deitamos fora
e guardamos sem saber porque
ferro-velho e memórias empoeiradas 
é sobre tudo sobre o todo e o nada
sobre a sombra e o que ofusca
não leias
vive
vai beber um chá na companhia 
dum agiota qualquer
existem aos magotes
respiramos e damos mais um passo em frente
não tem muita ciência
andamos por aqui
somos iguais
que haveria de escrever
senão sobre o que me preocupa
que é que queres
que eu diga mais
nasci em 66 vê lá
que interessa as baratas ou os fuscas
as bikes ou as pequenas naves voadoras 
morrerei num destes dias
devagar ou de repente
esta é a minha biografia
que ame quem amo
e que não falte comida a quem de mim depende
um dia amanhã tudo acabará
não te preocupes
olha - Fim
que é que queres
que eu diga mais

set. 12


Poema de Carlos Teixeira Luís

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