A qualquer fluxo,
Caudal anônimo
De caras e de pênis,
Exibição e charme,
Feito artigo de vitrines,
Mas no fim: solidão,
Camada de carne,
De lábio e asfalto,
Elevando tapume alto
E muros feitos
De cimento e de murros.
A que horas deitar?
Mas sempre trabalhar,
Devorados, seta ferina
Na carne encilhada,
Inflamada ferida –
Grito, dorida anti-voz,
Abafada, contra o rito,
Pelo mito,
Pênis mordido
Por dentada vagina.
Boca sifilítica
Amor ou tesão?
Apenas fluxo!
Chafariz de repuxos
De pressa e de ódio.
Pergunta-se: - “O que fiz?”
Mas estica sempre a cerviz
Sob a camada dura
De raiva e de murros –
Ferida aberta,
Sem atadura –
Enquanto goza e mente
Semente amputada
Na vagina dentada.
Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados
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