Manifesto do coletivo Pó de Poesia
O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.
Creia.
A poesia pode.
(Ivone Landim)
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Paradoxo
Agora que te conheço
Nada me falta
Tudo finda
(Ivone Landim)
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
Recomeçar
É só uma sombra sob a árvore
Vazia desde o dia em que partiu
Mas esconde as pedras encabuladas
Que amargam minhas lembranças
É só uma sombra que clareia meu passado
Que aflige os dias inexistentes que virão
Trazendo a saudade que se acumulou no tempo
E que cortará a penumbra da minha gaiola
É só uma sombra que balança perto da varanda
Movida pela velocidade silenciosa do vento
Onde folheio as páginas viradas
Que capotaram no caminho para a felicidade que eu não acreditava
É só uma sombra que se estende por mais um dia que espero minha partida
Partida que me encontrará sentando à sua espera
Sentindo meu olhar perdido nas sobras que ficaram na estrada de areia
Saboreando o chiclete de fruta
Fruta da minha terra
(Arnoldo Pimentel)
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domingo, 25 de outubro de 2009
A morada dos raios de fumaça
Pasmem os amantes da paz, pois eu a conheci em meio a uma guerra: Linda, irresistível, simplesmente maravilhosa com seu traje branco amarelado pela poeira da estrada.
E com sua cútis tão branca quanto a pureza dos arcanjos celestes, que se alimentam de luz, ela fisgava a curiosidade daqueles que ansiavam encontrar a felicidade. Como eu fazia parte desse ansioso-desesperançado grupo, não me contive, quis logo me aproximar para sugar seu doce perfume que era tão forte quanto toda nicotina e poluição contida no ar.
Em pouco tempo nos unimos. Ela já controlava meu cérebro e adoçava meu sangue; éramos um só ser: “O corte e a navalha suja de sangue numa noite de chuva”.
E em nome de nossa união comecei a viver somente para ela. Passamos a ser fiéis um para com o outro e infiéis para conosco. Eu fui expulso de casa, briguei com os amigos, comecei a roubar e a me prostituir para sustentar o nosso romance.
Hoje faz onze anos que o nosso amor começou, vivemos isolados do mundo porém vivemos juntos, isso é o que nos importa; é isso o que nos faz felizes...
___ ... não é mesmo, cocaína, meu amor?
(Sergio-Salles-Oigers)
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A Tempestade
Coração duro feito pedra, cabeça erguida
É mais fácil seguir em frente quando não se precisa olhar pra trás
Seria mais simples em nem pensar na vida
Mas as coisas não funcionam desse modo, coisas simples demais
Atormentado por coisas que nem sei
Vivendo um dia de cada vez
Sem esperanças? Ou sem esperar nada do futuro?
Só há decepção com expectativas frustradas
Não quero mais me decepcionar
Lutando comigo mesmo todos os dias
O anoitecer me dá mais esperanças do que o amanhecer
E falta coragem para levantar às manhãs frias
Questiono-me sempre sobre o sentido de ser
Vejo dias nebulosos à frente,
Enquanto tento sobreviver a essa tempestade.
Nuvens negras, vento forte, ruídos latentes...
Tempestade em mim..
(Eduardo Costa)
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quarta-feira, 21 de outubro de 2009
A Serena Tragédia
A SERENA TRAGÉDIA
DE QUEM SE AVENTUROU
A MOLHAR A PONTA DOS PÉS
NUMA SOPA DE CRUSTÁCEOS.
Das lágrimas tudo se espera
e nelas deposito toda a confiança
de quem não mais confia,
a ingenuidade de quem acredita
que a tristeza seja o pseudônimo da alegria
fisicamente abalado pelos 30 minutos de prorrogação
e psicologicamente aprisionado pela falta de ilusão.
À esmo vejo emergir do sal da lágrima
a cartada final que irá definir
o destino do que se decompõe em mim
na presumida morte astral
onde para o que não será vitória
como sempre não terá festa,
pois apenas haverá de ser uma segunda-feira
após um dia de domingo
em que, ao invés de, eu me pôr a chorar,
fiquei a beijar um jiló
e a me masturbar com um limão.
(Sergio-Salles-Oigers)
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segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Off
Não o celular
Desliguei
as lembranças
o forno que me aquecia.
Desliguei
as sinapses
que faziam
me encontrar
com você.
Sei que agora
simplesmente
Desliguei.
(Jorge Medeiros - 17/09/2009)
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Hoje tal como ontem eu...
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Sem asas para voar.
Escondo-me embaixo da cama
Ouço a voz que me chama
Tenho medo de levantar
De sorrir
E depois chorar
De aventurar-me
De abrir minhas asas
Tentar voar
E como Ícaro
Derreter
No desconhecido
Seu mar
(Arnoldo Pimentel)
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domingo, 18 de outubro de 2009
Negra Loura
Imagem extraída do blog Sapataria DF
Desceu em Belford Roxo
de um ônibus que vinha de Vilar dos Telles.
Sua pele era de feijoada
mas seu cabelo era puro trigo.
Sua pele era de noite
mas o seu cabelo era o horizonte de tardinha.
Falsa britânica.
Nórdica preta.
Africana de cabelo pintado entre o castanho e o dourado.
Zulu disfarçada de branca.
Entrou na padaria
pediu um refrigerante
e cruzou suas grossas coxas
debaixo de um curtíssimo jeans rasgado.
A rapaziada toda olhou e babou
ela toda no pensamento
imaginando estar no século retrasado
e possuir aquele território à revelia
que parece ter saído de uma letra
de Benjor ou Melodia.
Bebeu tudo numa só golada
pagando a conta.
Saiu não só levando
o louro e duro cabelo entrançado
acima do sorriso amarelo
mas também o olhar de todos nós
entre aquele busto
que eram dois maduros jamelões gigantes
embaixo daquele vermelho sutiã.
Sumiu entre pagodeiros e funkeiros
entre credores e devedores
entre viajantes e farofeiros
entre pequenos empresários e vendedores.
Ela saiu do nada
e foi com tudo para qualquer lugar
tomando seu sorvete demais
deixando em sua língua
que nos banhava em sonho
o sabor daquele morno verão.
(Marcio Rufino)
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