Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 9 de maio de 2011

Carlos Drummond de Andrade

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Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


Carlos Drummond de Andrade
((((((( (ps: olha o cheiro que o Drummond está me dando… rs ) ))))))))





Garoto de Aluguel...





Baby !
Dê-me seu dinheiro que eu quero viver
Dê-me seu relógio que eu quero saber
Quanto tempo falta para lhe esquecer
Quanto vale um homem para amar você
Minha profissão é suja e vulgar
Quero pagamento para me deitar
Junto com você estrangular meu riso
Dê-me seu amor que dele não preciso

Baby !
Nossa relação acaba-se assim
Como um caramelo que chegasse ao fim
Na boca vermelha de uma dama louca
Pague meu dinheiro e vista sua roupa
Deixe a porta aberta quando for saindo
Você vai chorando e eu fico sorrindo
Conte pras amigas que tudo foi mal
Nada me preocupa de um marginal



...

Che Guevara

"Os poderosos podem destruir uma ou duas rosas, mas jamais deterão a primavera".

As rosas não falam…




As rosas não falam…
Composição : Cartola

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim.


Um Salvee!…



Descanso

Os cachorros ladram em algazarra,
Os petizes brincam nesse quintal
De gramíneas sedes e estão à calçada
Da esperança. A tarde segue frugal.

Um pomar laranja pleno de graça
Ornamenta a vista fenomenal,
Onde a física é a ótica disfarçada
Em beleza, amor experimental.

Na cadeira feita de vime e trança,
O balanço calmo de uma senhora
Que descansa e sonha como uma criança.

No sossego à tarde ela se demora
Sem nenhuma pressa, esmero ou cobrança
Num domingo longo de uma bonança.


Soneto de Yayá

Ave Maria nossa de cada dia

mães revelam faces
como um farol de esperança

lavam almas na beira do rio
a graça de Deus sobre os ombros

ventres fartos
no momento de se entregar

sagrado, parado
emocional e espiritualmente

entre elas e Deus
filhos assoviando

e não importa se tiver
mais mil momentos como esse
(ou só esse)

é perto daquele momento
em que me tornas real

Poema de Vânia Lopez

Fragmentos dispersos

1.
Depois que se desaprende a engatinhar
quebram suas pernas.

2.
Que raio de sol + fraco!

3.
O artista tem de ser irresponsável.
Para criar é preciso ser malcriado.

4.
Um grito no escuro é luz nas trevas.

5.
escrever escrever
para não passar
em branco

6.
Eu faço de tudo
pra não ter
que fazer nada.

7.
Escrevo bem quando estou faminto
Melhor ainda se deprimido
Escrevo bem melhor quando não existo

8.
Leitura em excesso torna os homens
incompreensíveis.

9.
Uma força bruta te impulsiona para frente
Uma força fraca resiste
Respeite a força fraca
Ela inspira mais confiança

10.
Primeiramente
Os meios
Para qualquer finalidade.

Poema de Andri Carvão