Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 15 de março de 2011

Convento...



Durante anos de uma vida povoada,
Andei só, com meu coração despovoado.
Dava bom dia ao vizinho com sorriso no rosto...
Para esconder a vergonha de cada a dia.

Destilava palavras de carinho,
Mas minha carne interna estava desidratada, sem rio.
O amor que sempre me amou, insistia em ficar...
Estava por um triz, conservá-lo florido...

Pois eram muitos momentos pálidos, sem colibris.
Me vi num convento onde só enxergava lamento,
Duma escassez de sentimentos de entontecer,
As cores que eu via, era branco e preto:

O branco: não era de paz, era dum tormento-loucura...
O preto: não era da noite com luar, era a morte vestida para me tragar.
Minha sorte foi a de ter nascido teimosa, rebelde, é... rebelde.
Cuja rebeldia causou a rebelião de toda uma vida ferida...
Sem cor, ser harmonia, sem poesia... Me libertou!

A inquietude interior que me vestia...
Me fez ser melhor do que eu via, sentia, e vivia.
Estava tudo entalado na garganta,
E, antes que me estrangulassem...

Vomitei com toda a minha coragem.
Rasguei a batina que enclausurava minha espontaneidade,
Joguei-a no lixo, no lixo dos covardes!
Fiquei desnuda, com a face alva, macia e sem poeira.

(respirei)...


((( Camila Senna )))

BOSQUE



                                                              BOSQUE 
                                   (Poema inspirado em "Caminhando" de Camila Senna

A vida é uma caminhada
Que às vezes nem sabemos onde dará
Mas é nesse bosque
Onde nos confidenciamos
Com árvores e pedras
Banhados pelos raios de sol
Que furam a floresta
Que tentamos nos encontrar



Para cantar a mulher da minha vida

Há que usar muitas palavras para cantar a mulher da minha vida. Palavras das mais castas, santas, brancas, calmas e leves, e até das vis, pois trata-se de pessoa humana.

Há que segui-las de adjetivos para que caminhem corretamente adornadas, do contrário seria pouco para falar daquela que me marcou como quem marca gado: a ferro e fogo. De início dói,mas agora permanece - sabor de eternidade - feito tatuagem que enfeita e veste, e dá o tom de quem a gente é. Palavras são poucas.

Há que usar das mais belas e quentes e frias e tácitas metáforas, assim como é próprio dos poetas que cantam suas amadas. Há que usar rimas, das pobres, das ricas e das medianas, sem discriminação de classe. Afinal, para cantar uma mulher faz-se preciso tanto as flores quanto os diamantes. Palavras, há que casá-las muito bem a fim de construir imagens, ofício da (boa) poesia. Que ao ler a mulher amada tenha um filme à sua frente, claro e sutil,
telas de grandes artistas animando-se a cada linha. Mas por mais que as palavras se façam solenes neste momento, há que tocar àquela que me emprestou seu seio e me entregou seu corpo. Tem de haver um beijo, um enlace.

E, por fim, há que dizer: “ainda que o tempo passe, ainda que sua pele perca o viço, ainda que o seu corpo feneça, ainda assim te amarei, cada vez mais”. Há que reproduzir o momento em que ela me viu pela primeira vez e, desamparado, ela me aninhou em seu colo e deixou rolar a primogênita das muitas lágrimas que ainda estavam por vir.

Texto de Fabiana Esteves.