Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 19 de abril de 2011

Mãe Paula


Sou filho de Mãe Paula
Que não é do santo
Mas namorou com o misticismo
Sou filho de Mãe Paula
Rezadeira de primeira
Tirava quebranto e mau olhado
Abria a boca e lacrimejava os "oios"
Ao tocar nos "fios" carregados
Sou filho de Mãe Paula
De cabloco forte e seguro
De passes certos e decisões impassíveis
E com a permissão de Deus
Escolheu a hora de partir.

Jorge Medeiros

A passagem do tempo custa caro

Quase Um Feto

Quem você pensa que é?
Você sabe com quem está falando?

Eu sou um velho decrépito
D e t e r i o r a n d o . . .

Eu não sou velho:
Só sou jovem há mais tempo.

Eu não estou ficando velho:
Estou virando um clássico.

Ei!
Acorda meu caro!
Levanta e anda!
Caminha!
Ei!
Ainda está vivo?
Sacode a poeira!
Respira!

Aviso aos Navegantes

Aos que ainda estiverem vivos
Levantem as mãos!
Aos que já estiverem mortos
Levantem aos céus!

Aos que ainda estiverem vivos
Morram!
Aos que já estiverem mortos
VIVAAA!

Aos mortos-vivos!

Aos que estiverem exaustos
Insônia!

Aos íntimos!

Poesia

Um porto seguro
Uma válvula de escape
Uma tábua de salvação

Línguas Mortas

Devia amanhecer bem morto
E ao arregalar bem as janelas da alma
Furar a terra e o cimento
E levantar do berço de barro
E velhinho de tudo durante o caminho cansado
Soerguer lentamente
Conforme as rugas desaparecessem
E a cara corasse
E o ímpeto e o ânimo irradiassem
E raiassem
E viveria cada vez mais jovem
E toda noite só o sol
E a cada dia mais jovem
E peralta com o passar dos anos
E cada vez mais e mais
Até o útero da mãe natureza
E o saco do pai todo poderoso

Mas não

A cabeça num travesseiro infantil
Repousa
As mãos cruzadas sobre o peito
Calcanhares unidos e as pontas dos pés
Pendendo em separado
O cheiro de incenso
As roupas de domingo
A chuva encolhendo a todos
Até enferrujar os ossos
Silêncio
Principia a cerimônia derradeira
Em meio a soluços
De dor ou de alívio
A sete palmos do céu
Um passo em falso
E chão
Pás de terra sobre o pó
A pedra cinza e fria sobre a
Madeira frágil
A graça entre a estrela e a cruz
A relva e a pátina do tempo
Cobrindo tudo
As doze badaladas
O canto do galo
E o ostracismo inevitável

Uma estrela que cai
É uma pena
Um poeta que sai
De cena

O meio é o fim
E o fim um recomeço

O Inferno são os outros que me habitam


Poemas de Andri Carvão