Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 21 de abril de 2011

O lenhador

O lenhador desce a lenha com o machado
E parte a lenha ao meio
O lenhador desce o machado na lenha
E parte a madeira ao meio
O lenhador desce a parte ao meio
E lenha a madeira do machado

O lenhador esculpe um novo cabo

O lenhador decepa um dedo
E enfurecido decepa a mão o braço o pé a perna
O lenhador escalpela a consciência
O lenhador inconsciente
O lenhador inconseqüente
Sem ciência nem paciência

Cantarola enquanto corta:

O Mundo é cruel porque o Homem é cruel!
O Homem é cruel porque a Vida é cruel!
A Vida é cruel por que, meu Deus?

Uma tese não prova nada
Uma tese nada comprova
Um caminhão carregado
É meio caminho andado
Uma ova

Imposto pro Estado
Dízimo pra Igreja
O pobre quebrado
Sem cobre pra breja

Espanco a mulher
Espanco meu filho
Não meta a colher
No meu estribilho

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar
Não se banha duas vezes no mesmo rio
Ninguém cava sua própria cova
Uma ova

A árvore centenária bipartida
A árvore da vida
A árvore caída

O homem morreu

O raio caiu
O rio correu

Poema de Andri Carvão