Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 20 de novembro de 2012

ferrugênese

cadeado fechado, 
ferrolho 
no peito 
já enferrujado 

olho: 

um lado, terra; 
um lado, alado; 

basta, 
a quem erra, 

ver dobrado


Poema de Caíto

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Tenho que reescrever o poema
Que escrevi na tua pele com a boca
Pra recompor o lema
Da tessitura do desejo
E sua voz rouca.

Preciso recompor os versos
Que rabisquei entre teus pêlos com os lábios
Pra reacender os anelos
Da espera do teu gozo rápido.

Reluzir em tua vontade de viver
O efêmero momento que fez de mim um rei
Pois nada vai tirar de mim o prazer
De ter visto o prazer que te dei.

Marcio Rufino

Olé de Coltrane

olé a caminho de madrid
sempre a direito pela a6 
paramos meia dúzia de vezes 
não houve tempo para cerveza e tapas
apenas para sonhar com d.quixote atravessando
as planícies de la mancha
nem sempre acompanhado por sancho o panças
esse tinha tempo para tapas e cerveza
entramos em madrid
não foi difícil dar com o sitio
avenida para aqui avenida para ali
comentas-te bonito o edifício do novo hospital
juan carlos cheio de janelas côncavas 
ou convexas, discutimos
hotel ao pé dos estúdios de televisão
demos uma volta a pé ao fim da tarde
um vento seco e gelado
anunciava o dia mais frio
nevou em madrid nessa noite 
mal saímos, lemos e vimos televisão
houve tempo para cerveza e tapas 
mais um dia e a operação
tudo certo e organizado
espanha não pode ser assim
não era assim que nos disseram que era
dormi duas noites a teu lado
vestido como estava 
podia lá ir dormir ao hotel 
contigo ali
e se precisasses de mim
estava onde queria
ainda dei algumas breves passeatas 
à noite – sou de passear, é de família
jantei aqui e ali
mas sem ti era comer e ir embora
e uma ou outra cerveza
não é de família, é de mim
andei a ler um autor sueco 
sempre que a ansiedade apertava e como apertava
mergulhava no livro de escândalos e crimes
serviu, um ansiolítico literário
o que nunca me tinha acontecido
saíste do hospital
com dores mas de ânimo madrileno
com garra e vontade de viver
mais um dia frio em madrid
e fizemo-nos à estrada
sempre a direito pela a6
vim sempre a ouvir o olé de coltrane
por dentro e em paz
estavas bem, dizias piadas
sobre a tua provável morte
e eu conhecer uma bela madrilena
descrevi-a louraça, fogosa e rica
não sei se gostaste
a viagem cansou-te
mas chegamos de madrid
sem a ter conhecido
não não fui à gran via
nem à porta del sol
tinha coisas mais importantes para fazer
madrid fica para outra altura
haverá outro dia
para lhe gritar olé
não o de coltrane
mas à vida
olé!
experimentem e façam a viagem
é sempre a direito pela a6


Poema de Carlos Teixeira Luís

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