Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 15 de abril de 2013

EDEN / JAMES (Arnoldo Pimentel)



EDEN

Tenho amigos que viveram entre sem tetos.
Sei que aprenderam e ensinaram,
E o quanto ainda ensinam e fazem sorrir.

Houve um tempo
Em que a minha janta era sopa de legumes,
Eu almoçava e jantava sopa de legumes.
Todos os dias, durante quatro anos seguidos, foram assim.

Nem por isso eu deixei de gostar de sopa ou de legumes.
Nem por isso eu me sentia menor.
Sei que dali tirei muito coisa boa que até hoje existe em mim.

Numa noite eu queria ver,
As 2:30 da madrugada, o que existia
Ao Leste do Eden.
Trabalhei até as 2:00 da madrugada

Mas consegui ver o que existia
Ao Leste do Eden.
Acho que  James nasceu ali.

Arnoldo Pimentel

JAMES

Olho ao meu redor
Para ver quem eu sou e me encontrar
As árvores estão na paisagem
Com os galhos virados para o infinito
Assim como minhas mãos e meu coração
Em busca das benções de Deus
O rio percorre o leito estreito
No âmago do canyon
Para encontrar a liberdade a céu aberto na pradaria
Olho no meu interior
E vejo as pessoas que eu amo
E as pessoas que me amam
E vejo seus corações
Onde sempre estarei

Arnoldo Pimentel

Onírico Mutante



Meus sonhos são todos fragmentários
Onde personagens e ambientes
Mudam constantemente
Em momentos inesperados e fantasmagóricos.

Tudo se dilui e se refaz
Num sentido dinâmico e sagaz
Criando mosaicos virtuais
Com contornos reais.

Disso tudo só fica a angústia
De ser eu o mesmo nesta seara
Mutante, volúvel e anárquica

Doce e dolorosa como uma diáspora
Que me faz ser único numa apatia
Onde tudo que é concreto se evapora.

Marcio Rufino
Imagem: Ana Luisa Kaminski