Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 26 de junho de 2012

carochas, bicicletas & biplanos - 19

Há poetas que nos fascinam. WISŁAWA SZYMBORSKA (1923-2012) é uma delas. Pela sua postura de luta por uma espécie de justiça justa para todos. E pelo seu recatado isolamento. Poeta que não aparece. Existe. É. Ser já custa tanto. Aparecer é marketing e marketing é publicidade. Publicidade serve para criar necessidades em vez de desejos para que se comprem produtos. Um poeta nunca é um produto. Mas tem de ser produto para vender. Felizmente a poesia não vende, a não ser a poesia de… bem, não vamos por aí.
Um exemplo desta poesia. Um poema da poeta - Nobel da Literatura de 1996. Um mundo mais pobre, sem dúvida mais pobre, pobre também o lugar comum da expressão mas a sua poesia dança com uma certa saudade de quem existe para lá da sua existência física. A poesia como árvore plantada no nosso peito. Uma metáfora para quem não abusava delas. Uma poesia de observação, ironia e simplicidade, ou nem por isso.

“EXEMPLO

Um vendaval
despojou todas as folhas das árvores ontem à noite
com a excepção de uma folha
deixada
a baloiçar sozinha num ramo nu.

Com este exemplo
a Violência demonstra
que sim, senhor –
gosta da sua piadinha de vez em quando.”

Lamento a repetição para quem não gosta de vira o disco e toca o mesmo. Eu repito, tenho esta necessidade, para observar melhor. Este poema foi traduzido por um dos autores do blogue: Poesia & Lda, ambos poetas de excepção. João Luís Barreto Guimarães e Jorge Sousa Braga, médicos de profissão e poetas com obra editada, amantes da arte da palavra polida, crime não conhecer. Quando publiquei no Luso Poemas esta citação, recebi este comentário que me sensibilizou (a propósito do poema da poeta polaca). Republico-o:

“Querido amigo,
compartilho da sua dor pela morte de Wisława Szymborska. Hoje, o meu quarto também parece mais escuro, pois esta grande poeta morreu. Os grandes poetas são assim: acendem luzes iluminando cantos escuros da nossa alma. Nas semanas passadas, eu publiquei aqui no Luso 4 poemas de Wisława Szymborska (Nada acontece duas vezes, Amor à primeira vista, As três palavras mais estranhas, Gato em apartamento vazio). A sua poesia vai viver para sempre.
Um abraço,
Manuela”

(Jun. 12)
Autor: Carlos Teixeira Luís