Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Espera não é meu estilo
mordo os lábios,
pisco os olhos,
remexo o quadril,
nada me escorre
pelas mãos.

Em novembro
num café na Colombo
embriagou-me
as vias todas
da vida

Disse adeus
ao isto ou aquilo

Não quero
saber de anões
nem os de jardim
nem o tal plutão...
sou de Júpiter

Dor é um momento
sublime
no vermelho
dos seus lábios
que mordem,
esfolam
meus mamilos
úmidos.

Jorge medeiros (5-12-09)

O Morro, a Igreja e as Crianças


Era como se fosse uma miragem
Era como se fosse além da paisagem
O enorme morro verdejante
Que ficava na frente da igreja delirante
Crianças produziam cambalhotas
Em desesperadas e dionisíacas galhofas.
O sol escondia a cara atrás da nuvem preta.
Depois a mostrava por baixo da nuvem fazendo careta.
Era como num filme de faroeste.
A gente chegava numa romaria
Numa viva imagem de tela campestre
Quando começava a adoecer o dia.
Os meninos ansiosos sufocavam o grilo
Na mesma mão que perseguia a borboleta.
Os olhos avistavam a enorme cruz
Que abrigava o pombo negro
Que descansava impávido em cima da igreja.
Mas as cambalhotas, as gritarias, as correrias,
O futebol, as bagunças
Não se podia pisar no capim escandalosamente verde
Apesar de a grama querer ser amada pelos pés nus das crianças
E uma menina comia assaí como se fosse sorvete.
O urubu dançava no ar seu vôo solo
Profetizando, encenando e anunciando intensa chuva
Algo em minha natureza pedia colo.
Outra menina andava pra traz por todo o quarteirão da rua.
O urubu
O ourobú
O ouro burro que nascia das palavras do garoto
Que insistia em pular com um só pé
Depois lançava escandalosos arrotos
Por cima da oferenda de candomblé
A oferenda servida no chão da esquina
O banquete exposto no chão da encruzilhada
É a revelação da multiplicidade divina
De que Deus não diversifica só as massas.
O sonho se estabelece no agora
De um instante que brincava com seu centro
A menina me pede pra brincar lá fora
E eu digo à ela que lá fora é aqui dentro.


(Marcio Rufino)

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Paixão

Não sei nada de você
Por que veio
que estradas...
Seguirei seus atalhos?
ou seus trilhos?

Não sei mais nada

Que passos seguir?
que traços?
que tropas?

Preciso saber de algo?...

Me mostre o caminho
um atalho
não me negue o trânsito
que imagino fazer
por sua pele,
por seus fios...

O que me cabe?
o que fica?
pra onde vai?

Ah!... Não sei mais nada!

Me leve... me deixe... leve...

Jorge medeiros (5-12-09)