Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ferocidade

Revela teu ódio
Nas grutas acústicas
De um peito ecoando
A dor da cascata
Sem fim desabando,
Mordendo na pedra
A própria desdita.
Vá! roto e precário
De tal desmazelo
Do choque imprevisto
Do escarro na esquina
Dos olhos cruéis
Que fazem tua cara
Cartaz luminoso,
Falácia venal,
Um palco de socos,
De chutes e murros,
De fera disputa
Por álcool e remédios,
Por roupa e alimento,
Por fogo e prazer
Nas sendas soturnas
Da grande cidade
Que encolhe miúdo
Teu corpo tão frágil
À sombra terrível
De atrozes gigantes.
“E agora, José?”
Cadê tua fala
Cadê teu discurso,
Teus pobres excursos
Qual asa ignota –
Voluta partida
Sem haste ou coluna?
Teu peito se ufana,
Mas pobre se infarta
Do que te enfatua,
Do que te enlouquece,
E logo enfastia,
Inútil cosmético,
Inútil doença...
Não tem mais a vida
Aquela beleza
Sensível das musas,
Das frágeis heróidas,
Carnívora flora!
E o que te envilece
É a penha estourada,
Floresta arrasada
Em ávido empório,
É a carne doméstica
À vida selvagem
Dos homens polidos
Jogada de súbito
Sem único aviso.
Por isso, velhaco,
Te fazes feroz
Entre hienas noturnas,
Felinos rapaces,
Que as presas espreitam
Ou sobras de açougues
Disputam famintas
Deixadas por feras
Maiores após
De todo fartarem-se.
Mas se nem entre hienas
Tu podes viver
Ou nem co’os chacais
Tu podes comer
De casca e couraça,
Então te revestes
Tal qual um tatu
Metido na toca
De um alto edifício
Com ratos e cobras.

Felipe Mendonça -
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