Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 14 de março de 2011

Resgate

Catando pelos cantos
do ateliê abandonado,
junto pedaços da alma
destroços dos dias.
Em retalhos do tempo
onde a memória agoniza,
costuro de volta a vida.
Foram anos e eu não vi.
Mas o tempo está aqui,
colado nos pincéis secos,
na tinta fosca e esmaecida,
na poeira coberta de maresia.
Recolho serenamente
porções de mim mesma,
a alegria das cores,
o gosto de mar e de vento.

Poema de Elmira Nunes

O Velho e o Bar

Macho vive no boteco
Fêmea vive na butique
Bukowski busca uísque
Macho morre no boteco
Fêmea morre na butique
Velho Buk pratica esporte
Fuma por esporte
Bebe por esporte
Escreve por precisão

Jogo bebida mulher
Um vício circuloso

Sexo sem amor é sexo seguro
Por amor se gasta até o que não se tem
Negócios negócios bucetas à parte
A festa nunca começa pra quem sai de mãos vazias

O mundo mudou e domou todo mundo

Sexo drogas & jazz
Sexo drogas & rock ‘n roll
Sexo drogas & AIDS

Velho Buk
Viveu muito
Sobreviveu demais
Atravessou as décadas de 50 60 70 80 poetando
Mas o suficiente não é o bastante
Só foi se afogar na praia dos anos 90
Virou filme Mosca de Bar
Lenda viva
Continuou dormindo na lata de lixo do beco sem saída
Velho Buk
Uma espécie em extinção
Hemingway sem barba
Hemingway menos conservador
Hemingway que caçava mulheres e não tigres na África
Hemingway do turfe e não das touradas
Hemingway apolítico e apocalíptico e não de Guevara e Castro
Hemingway da batalha diária do homem comum e não da Guerra Civil Espanhola
Velho Buk
Não adiantou nada
Encher a lata
Virar o caneco
Tomar umas e outras até tomar todas
E engolir o gargalo
E vomitar no bem-vindo
E ter pesados pesadelos sobre ele
Velho Buk
Poeta etílico
Cadê o Grande Romance Americano
Que você prometeu? Algo no nível de “Suave é a Noite”
Do marido daquela louca?
Velho Buk
Mais lido do que Sade e Miller
Mas não tão respeitado em larga escalada ou maior degrau
Pelo meio intelectual
Velho Buk
No panteão literário do Macho Americano
Seguindo a tradição de Thoreau, Melville,
London, Hemingway, Miller, Mailer,
Conservadas as devidas proporções
Buk meu velho Buk
Imitada persona imortal
Adultos não sabem brincar a sério
Você passou dos limites
Já pra dentro

A geração perdida sim foi a verdadeira geração beat
Já a geração x não se achou
Presa nas teias da internet

No Gold Book of Old Buk
Pensando com a cabeça de baixo
Contando cavalinhos na hora de dormir
Deu no que deu
O velho morreu
E sempre morreu
Meu velho

Poema de Andri Carvão.

Caminhando...

SENNA



Pista molhada e toda uma jornada...
Ando eu ao relento...
Encantada com a madrugada,
Que muitos dormem e não veem nada.
Olho para cima e vejo as árvores se abraçando...
Olho para o chão, parece miragem, mas não.
Vejo folhas secas e vermelhas...

Que mais parecem filosofar de tanta beleza, de tanta sutileza.
Olho para frente...
Me deparo com o farol do carro que vem vindo...
Dilatando minhas pupilas, parece até luz divina.
Vejo uma pedra e me assento nela...

Me sinto forte como uma cidadela
Mesmo estando com lodo e esquecida, me sinto protegida!
Contei para as árvores...

Contei para as pedras....
Meus segredos, belos segredos,
Porque sei que jamais serão revelados.
Posso morrer, e minha vida um dia contada em forma de poesia...

Jamais será esquecida.
Ficará enraizada nas raízes daquelas árvores...
E esculpida nas fortalezas daquelas pedras...
Com letras que só os sensíveis de alma entenderão.
Tantos caminhos...

Precipícios para alguns.
Tantas trilhas...
Morada para muitos.
Tanto céu...
E debaixo dele muitos ao léu.
Tanto sol, farto sol...
E muitos não emprestam nem o anzol.
O amor está pouco.
E o mar? Não está muito para sonhar.

Então eu busco, incessantemente eu busco...

Um pouquinho de verão...
Verão que abrasa o bosque da minha menina...
Que tem vida corrida por suas esquinas...
Mas que anseia avenida para sua partida.
Quero me aprofundar nesse labirinto em busca da felicidade...

Meu instinto diz: você pode.

Eu digo: eu creio.



 
((( Camila Senna )))