Manifesto do coletivo Pó de Poesia
O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.
Creia.
A poesia pode.
(Ivone Landim)
domingo, 16 de dezembro de 2012
Imaginei uma guerra enquanto as armas descansam
Tenho a chuva de Novembro nos braços
E um frio sem ciúme do sol a namorar-me os ossos.
Revolvo com os dedos o bolso da farda
Para te encontrar entre a lama e os cigarros só mais uma vez
Inventar o momento, tocar-te o rosto, sentir-te o cheiro
E perguntar-me se ainda te lembras de mim.
Imaginei que vinhas, ainda esta noite antes do fim
Imaginei que vinhas antes das balas, enquanto as armas descansam.
Imaginei uma guerra entre as guerras reais a que sobrevivo.
Matei todas as bestas dentro de mim e nem lhes soube os nomes
Todas as palavras que não souberam dizer coragem
Todas as lágrimas trancadas nos olhos até ao fim da dor
Todas as horas inúteis queimadas no fumo dos cigarros
Matei todas as acções imperfeitas para me tornar perfeito
E enterrei tudo, sete palmos abaixo da minha memória.
Matei todas as bestas dentro de mim e pergunto-me se ainda te lembras
Se ainda me reconheces, depois da guerra.
[...]
Poema de Nuno Marques
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Poesia depois da queda
Minha poesia
Saltou de cima da estratosfera
Sem rima, nem métrica
Sem roupa de astronauta
Muito menos paraqueda
E se espatifou
Na Av. Presidente Dutra
Perto dos travestis e das putas
Minha poesia
Pulou do espaço
Sem jump, nem isca
Se partiu em pedaços
Quase caindo
Por cima dos parasitas
Minha poesia
Vadia
Esquartejada
Rolou asfalto a fora
Sem rítimo
Nem metafora
Sem charme
Nem a menor graça
Parecia ter comido
A poeira da via láctea
Minha poesia
Dividida
Caiu sem gozo
Nem dor
Parecia ter sido cuspida
Por uma espaçonave
Ou um disco voador
Minha poesia
Esquisita
Baixou sobre o planeta
Mais imprecisa
Que uma certeza
Mais certeira
Que uma dúvida
Mais suave
que uma maldição
Mais densa
Que uma benção
Minha poesia
Lá de cima
Viu a gigantesca
Bola verde e azul
Sem deixa, sem arte
Dentre as várias partes
Parte dela foi rolando
Até a Joaquim da Costa Lima
A outra até a Av. Brasil
Minha poesia
Voraz
Veio despencando, despencando
Atravessou paraísos e umbrais
Sem se preocupar
Com seus rins
Nem com seu corpo
Atropelou anjos e querubins
Almas penadas
E espirítos de porco
Minha poesia
Suicida
Caiu e cai
Provando cada vez mais
Que nunca foi minha
É da disponibilidade
Da casualidade
Espiritual
É da vontade
Do movimento
Social.
Marcio Rufino
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