Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 19 de março de 2011

Sobre a arte de esquecer

Na janela, a gota desliza e (delgada) pára num ângulo da moldura, um ato

suicida falho, por excesso de sentido. O cinza-céu desloca-se, revoluteia,

evolui em espaço alheio e negro, nuvens chocam-se entre si e tudo o que

resta fazer é contemplar à janela,um pensamento em suspensão no alto

do cérebro, em profunda e livre queda, no calmo abismo do esquecimento,

oblívio/alívio de viver entre tantas lembranças do que não vi nem fui.


Em 21-01-2011. André Albuquerque

Caim e Abel

Me espere um pouco
Que chego já.
Do que eu mais célere
Quem é no passo?

Somos todos irmãos!

Me espere um pouco;
Só eu que falto
Chegar no ponto,
Irmão do asfalto.

Somos todos irmãos!

Me espere um pouco
Que chego em riste.
Será que existe
Quem tem mais passo?

Somos todos irmãos!

Me espere um pouco,
Só eu que falto.
Será que existe
Alguém mais rápido,

(Somos todos irmãos!)

Menos incauto,
Singrando autos,
Irmão do passo
Com mais compasso?

Somos todos irmãos!

Me espere mais;
Passante sou
Também da pressa,
Quem vai depressa

(Somos todos irmãos!)

De lanche e pasta
Sem fé, desejo,
Minguado tejo
Correndo só

(Somos todos irmãos!)

Por nós, cabrestos
No passo lesto,
Pela cidade:
Palimpsesto.

Somos todos irmãos!

Me espere um pouco;
Passante sou
Também do medo
Do denso breu.

Somos todos irmãos!

Um pouco mais
Me espere, amigo.
Deveras corro
Tão só contigo,

(Somos todos irmãos!)

Nós dois, contíguos,
Passo após passo,
Irmão sem paço,
Sem mãe, regaço.

Somos todos irmãos!

Me esperem todos:
Moídos rostos,
Puídos, rotos,
De si cansados.

Somos todos irmãos!

Me esperem mais,
Vou já chegando,
Entanto vem,
Passo ante passo

(Somos todos irmãos?)

(Me esperam todos?)
Quiçá correndo,
Quiçá sem fôlego,
Mais um de pasta.

(Somos todos irmãos?)

(Me esperam todos?)
Tomar-me vai
Lugar – nem meu,
Nem teu: de breu!

Somos mesmo irmãos?

Assim que somos
Irmãos do acaso,
Do meu atraso,
Do lesto passo.

Somos todos irmãos!

Assim que somos
Caim e Abel,
Perdidos passos,
Irmãos sem pai.

Somos todos irmãos!

Espero todos
No breu do mundo,
Mas quem me chega?
Só vejo a sombra

(Somos todos irmãos?)

De um outro irmão,
Que só vagueia,
Expropriado,
Enigmático,

(Somos todos irmãos?)

Sem passo ou rumo,
Irmão do breu,
Sem um lugar
No nosso mundo.

Somos irmãos.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

SONETO A SUA BELEZA (Silviah Carvalho)



Seus olhos têm o brilho das estrelas do céu
Seus lábios o doce néctar da flor na primavera
Suas mãos a maciez da pluma, o véu
Um toque seu, só um toque... Quem dera!

O seu dorso inspira o amor ardente
O seu cheiro é a fragrância que fica no ar
A sua voz é o som que seduz minha mente
O seu corpo é fonte do meu desejo de amar

Nos seus braços aconchego minha ilusão
Que faz carícias nos meus pensamentos
E iludo-me em solitários momentos...

Buscando um lugar no seu coração...
Disfarço palavras doando-te meu tempo
De tanto querer-te, tornaste meu tormento