Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Lá fora


Dizem pra eu tomar cuidado lá fora
Mas lá fora é um menino desamparado
Uma casa em área de risco
Um imigrante desabrigado
Um olho com cisco
Dizem que lá fora é tudo muito perigoso
Mas lá fora é um filhote recém-nascido
Um trabalhador atrasado no meio do engarrafamento
Um apaixonado desiludido
Uma sacola solta, flutuando no meio do vento
Dizem que lá fora é tudo muito ruim
Mas lá fora é um professor perdido
Uma criança sendo abusada
Um judeu incircunciso
Uma mulher sendo estuprada
Dizem para eu não confiar em ninguém lá fora
Mas lá fora é uma cama desarrumada
Um aluno esperando sua aula
Uma dona de casa abandonada
Um ateu tentando acreditar na alma
Lá fora também chora
Lá fora tem sua responsabilidade
Lá fora também adora
Lá fora tem sua fragilidade
Aqui dentro também é lá fora
Lá fora também é aqui e agora
Lá fora também é meu
Lá fora também sou eu
Marcio Rufino

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Meu país

Meu país são jovens
De Belém a Juiz de Fora,
De Porto Alegre
À Praça Sete
A gritarem:
Fora!
Queremos um país,
Outro, novo
Agora!

Meu país é aquele
A erguer um cartaz,
Em meio a tiros,
Cavalos e canhões,
Que pede paz.

Meu país
É uma praça em chamas
Enquanto nos átrios
Mais alvos e brancos
Só há roubalheira
E infâmia –
Homens imundos
Vestidos de santo.

Meu país
São gritos, brados,
Novo canto,
Coro e esperança
De que enfim romperemos
Os grilhões do passado
E jamais voltaremos
A viver como gado.

Meu país é um sonho
Com o qual cubro-me os ombros,
Verde-louro manto
A resistir, nas barricadas,
Às bombas que explodem
Em terrível estrondo.

Meu país é a moça
A oferecer uma flor
A fardas cinzas, escuras
Repletas de silêncio e dor.

Meu país é esta flor,
Rubra de sangue e ardor,
A provar que a luta não é vã
E a irromper do alvor
De uma nova manhã.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.