Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sexta-feira, 25 de maio de 2012

[...satura-me o sonambolismo com que a noite se veste


satura-me o sonambulismo com que a noite se veste
e mesmo que se disfarçe no canto de uma sereia,

mantem-me o olhar distante, não me afaga de mar,

e tudo acontece sem inicio, repentinamente
sem cor, sem tempo delimitado.

Desilumina-se o céu, e o cheiro da terra
é moldado pelas mãos no barro, mãos sem sina,
sem ternura, mãos de pedra,
e a dor pergunto-me;
não a sentirei mesmo que me atravesse o peito

e se crave na mais profunda saudade?

Dá-me a chave da porta por onde a noite entrou,
desferrolha-a mesmo,

racha-a de vez, relembra-me como é
a luz do dia em sol,

e, enquanto o céu azul se inunda de mar em cor,
repara nas núvens, velas enfunadas,
soltas,

vogando sem pressa, sem pressas,
esperando, que o destino aproe a sotavento.

Queimam-se as imagens de tantas as miragens nenhures,
nas recusas a este crepúsculo, regurgito da luz frouxa,

impludo-me então,
mais uma vez.

[que a última seja...]


Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)