Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Choquei!...
Sem cor nenhuma
na palidez de um momento.

Não sei dizer se foi cometa
um caminhão, um bongue 747...
foi certeiro
como um toque
no pára-choque
atroplelou minha razão
não sei o que dizer
se sigo ou paro
me diga!
Não! Não!...
me ame...
mesmo que por telefone
mesmo que de mentirinha.

Jorge Mediros (5-12-09)

Soterrado

A fúria do mundo explode diante de mim. É duro ver a terra deixar de ser a mãe conformada, resignada; e passar a ser a fêmea irada, revoltada em sua razão. Puta contestadora, indgnada a se rebelar, a esbravejar contra a exploração abusiva de seu corpo. E nós não passamos de vírus, de bactérias amargando sua auto-defesa.

É bom se sentir sozinho na Baixada Fluminense, pois assim quando ela estiver submergida sob as águas das enchentes - Atlântica contemporaneizada entre o teatro do absurdo e o humor negro - o controle de mim mesmo que implica na cruel sensação de não ter feito o suficiente, de não ter amado o suficiente vai doer menos. Assim como vai doer menos a descoberta de que não se é parte do mundo e sim o próprio mundo.

Os livros soterram palavras, pensamentos e sentimentos, mas a natureza soterra pessoas e livros. As casas viram capas de livros semi-abertos sobre o chão, desabados sobre histórias inacabadas; tramas não concluídas; personagens que não se definiram.

Quantas vezes fiz amor com meu travesseiro para calar o faminto felino predador que tentava sair de dentro do meu coração-jaula e devorar sua petitosa presa sobre as poças d'água, sobre os pântanos, sob a chuva. Quantas vezes violentei meu travesseiro para no fim acreditar que era um passarinho a se equilibrar sobre o mais leve graveto, na mais alta abóbada de uma gigantesca árvore qualquer na esperança de poder presenciar melhor a promiscuidade dos relâmpagos e das trovoadas. Tudo isso antes das catástrofes fugirem das telonas de cinema norte-americano e me ameaçarem. Mas agora lembro que não é a todos que meus pensamentos e sentimentos interessam.

Os morros-bibliotecas-encostas desabam sobre casas-livros-enciclopédias onde vivem pessoas-sentimentos-pensamentos-idéias.

Marcio Rufino
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Acesas estão todas
as lamparinas...
lógico que não são
as do juízo
o que acendeu
em mim
não foi a lenha
nem a brasa
foi fogueira certeira
no hímem
de minha
razão.

Jorge medeiros (5-12-09)

Vi

No início de tudo
vi céu e mundo
só não vi o teu olhar
vi os meses passarem
e esse encontrar.

Vi meu coração ascender
vi este se apaixonar por você
Mas vi meu coração chorar
só querendo te amar.

Vi meu coração leviano
cair em prantos
por não poder te amar.
Vi o que vivi.

(Romulo Pimentel)