Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 19 de dezembro de 2010

Texto

Transitas tonto,
Febril e mudo
Num dia grávido
De ardor e pressa.
És nau sem mastros
Dos vãos e ruas
De esquina e beco
No oblíquo muro
Que torna tudo
Um texto em braile,
Um caos de casas
Em mil vielas
Também caóticas,
Estranho texto
De origem bárbara
E lido só
Por quem habita
As tais vielas,
Os tais casebres
Que, em meio à rixa,
Disputa e socos,
Procuras sempre,
Acerca deles,
Tal qual filólogo,
Tal qual legista
Baixar juízo
Que acalme angústia
De quem não lê
Esquiva língua
De corpo vivo,
Feroz, barroco.

Portanto, lê-lo
Num breu terrível,
Cruzar seus lares
E tantos mares,
Sem mastro ou lentes,
Te deixa assim,
Tão só, perdido,
Sem luz, no muro
Atrás de porto,
Verbete ou livro
Que te traduzam
Tecido raro.
Porém, encontras
Fuligem densa
E vil desordem,
Estranha língua,
Bravio corpo
Que só entendes
No teu silêncio
De noite e eco,
Perdido algures.

O que desejas
É tão somente
Rossio calmo,
Profundo e largo,
Em que tu possas
Achar abrigo,
Remanso tênue
De estio e noite
Que o fero pego
Converta enfim
Em rasa poça,
Mar seco e manso –
Cidade, língua
E um corpo lasso,
Que te revelem
Ser que reluz:
Canto e amavio.

Felipe Mendonça -
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