Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Flores de maio

Insofismável

Este corpo que atravessa a vida, a garganta, o tempo
atravessa o fosso, a fossa, o vento
sempre mensurável como o gado e o feno

Este corpo, irrecusável instrumento, indissoluvelmente afinado com o tempo
luta para se manter atento, pulsante e, às vezes, dormente
como porta, concha, moinho, cata-vento

Atravessa a noite, o sono, o sonho, a estação, o trem
a fronha, o cabelo, o pente

Veste caras, amores, rancores, bocas, dentes
abraços, espantos, pássaros, serpentes.

Atravessa o gozo, o abraço e a aguardente

Contudo, acorda pesado
e só não consegue atravessar a cova, a faca, a dor de dente.


Poema de Hideraldo Montenegro

Pousem os lápis

levanta os olhos com tanto amor
como uma longa carta de amor
olho você e preferiria olhar você
a qualquer foto cúmplice a dividir memórias
todas ficam tão sem rosto
que corro o risco de me apaixonar por você...
a alma quer pular pela garganta
as mãos se afogam
como um damasco amassado e pisoteado
para sua próxima vida
o chão não apaga o barulho
cantando distante como uma cotovia
as palavras perdem os seus objetivos de vista
a vida vira hóspede de seus olhos
(vão ao mesmo alfaiate)
contando números primos na mão
em parte porque do centro da minha vida
surgi um garoto dos ossos grandes
pés descalços da grama recém cortada dos caminhos
comendo o chão desse lugar
rompendo o silencio
permitindo que as palavras flutuem
libertando o lápis a pronunciar afirmações sobre o papel:
-eu sou o amor, mas também sou o papel
como metade das palavras e depois
passo a madrugada inteira dormindo no resto.

como uma árvore respirando...


Poema de Vânia Lopez