Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vai...

senna


Vai!... vai!... Deixo-te ir...
Ir miudinho pela estrada além.
O que fazer? - Se tudo na vida,
Tem dia e hora para acontecer!

Vai!... vai!... Deixo-te ir...
Sempre lembrarei com carinho...
Dos dias de sol forte que ao entardecer,
Caía chuva gelada que nos enchia de brasa.

Vai!...vai!... Deixo-te ir...
Não importa em que braços estará agora!
Importa que um dia esteve nos meus.
Sei que carrega nos seus lábios, meus beijos quentes e apaixonados.

Vai!...vai!... Deixo-te ir...
Não é anjo, mas foi em mim, querubim...
A visão que guardo de ti, é de céu bem azulado,
Da pele mais alva e aveludada que já senti.

Vai!...vai!... Deixo-te ir...
Quem disse que era meu?
- Me foi emprestado para me fazer feliz!
- Hoje devolvo ao regaço, para os braços duma outra infeliz.

Vai!...vai!.. Deixo-te ir...
Ser encantado que veio ao mundo só para me ver...
Para ser o bem que todo mal quer ter.
Onda do mar que veio e se foi, deixando em minha boca: “o gosto do sal visceral”.

Vai!... vai!... Deixo-te ir...



(((Camila Senna )))


Manhattan Tower















Manhattan Tower, 89,
Tu te ergues
Poderoso e colossal
Da Avenida Rio Branco
Ante súditos de asfalto e carne,
De cimento e aço.
Templo de gravatas e sapatos,
De pastas e investimentos,
É em ti que acionistas
E investidores divertem-se
Disputando cifras,
Em meio às oscilações do mercado,
Vaticinando lucros,
Diante das taxas de juros
Do FED e dos BCs,
Depreciando mercados
E economias,
Ante os humores cambiais,
A despeito de fé, crença
Ou de qualquer drama familiar,
Enquanto compramos
O sagrado pão de cada dia.
Tu, que não és um,
Que não és único
Mas inumerável
Mundo afora,
Geração fustigada pelo vento,
Fragas que se atiram contra os céus,
Clarão envidraçado
De aço e de alumínio
A refletir,
Em mil centelhas,
A luz ligeira
De Xangai, Taipei,
Chicago, Kuala Lumpur,
Hong Kong e Nova Iorque,
Burj Khalifa, Willis Tower,
Taipei 101, Petronas Towers,
Central Plaza,
Empire State Building,
Titã coruscante,
Contemplas vítreo e concreto
Teu irmão
De ponteiros e horas indecifráveis
Em direção ao qual, da Avenida,
Todos os olhos se lançam
Aflitos ou indiferentes.
Irmão que, por sua vez,
Encara firme e altivo
O pai cansado de exploração
A contemplar mudo
Os detritos da baía,
A fração inumana das gentes
Pelas ruas e becos...
Ó Irmãos ingentes,
Filhos de um gigante –
Ó Família excelsa
De concreto e laje,
Há carne imunda e fétida
Que se espreme, em vão,
Sob tuas marquises
Contra o frio e a chuva
De teus prognósticos,
Enquanto de vós,
Bem protegidas,
Retinas assustadas
Buscam saudosas
As Torres de outrora,
Consolam-se
Entre álcool e aspirinas,
Em meio a céus
Rasgados de gritos
E WTCs,
De precipícios
E cimitarras chamejantes,
Enquanto buzinas e sirenes
Vaticinam pavores,
Sinistros augúrios
Avenida afora;
Consolam-se,
Entre destroços
De um firmamento estilhaçado,
Com aqueles antigos versos
Que diziam:
“Porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan...”
Enquanto o tráfego e a baía
Refletem ardis
E o mudo perigo que espreita.

Felipe Mendonça -
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