Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 26 de março de 2011

Decepção de Primavera

Hoje estou aqui olhando as luzes da rua
Nevoeiro fino acolhe a noite sombria
Nem a lua no céu, nem uma estrela nua
Para dar algum brilho a esta noite fria

Espero por luzes, na escuridão embora.

Conheço bem a esta solidão intensa
Que derruba o sonho e apaga a luz da alma
Faz do meu olhar espada de um gume imenso
No perder de vista desta impossível calma

Eu esperava flores nos jardins lá fora.

Poema de Paola Rhoden.

Herança

Por que chorais
Mar seco ausente,
Sem úmido elemento?
Por que chorais
Como se quisésseis
Com vossas lágrimas
De marítima saudade
Restituir-lhe vigor e força?
Por que protestais
Se não podeis
Arrancar-vos as pernas e os braços,
Se há vice-reis
Por onde vão tantos passos?
Se seguis tão escasso,
Perdido e sem grei?
Vede bem:
A cidade já foi inundada
(E acho que sempre esteve)
E da enxurrada,
Após fevereiro e março,
Após Cabral e Gama,
Restou um simples sargaço,
O sapato roto, sem cadarço –
Nau sem amarras,
Em vossos pés encalhada,
Carcaça de beira de estrada.
Quem sabe uma escama,
Algo que vos proclama
Brasileiro?
Rio de Janeiro?
Sem paradeiro?
Desterrado panorama
Que vos amalgama
A camas e mucamas...
Restou a avenida Beira-mar,
O Forte,
A rua Luís de Camões,
O Paço,
O amigo Bonifácio,
O Real Gabinete Português,
Tanta tez
Suada, salgada
E todo este lugar
Banhado pelo mar.
Restou um corpo sem rotas,
Soçobrada frota,
Restou a memória,
Algo que errático
Perdeu a trajetória,
Algo que afro ou asiático
Em vós se agarra feito
Alga e algo
Que não consigo definir,
Heráldico,
Luz e visgo
De chão alagadiço...
Vede,
Litorâneos
Ou suburbanos,
Extemporâneos
Ou ibero-americanos,
Estamos todos
Impregnados
Do Eldorado castelhano,
Da alga e sal
Do mar lusitano.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.