Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 6 de abril de 2013

,noites, porque não dias inacabados?

(I)

,lava-me as mãos
como as de um judas,
ou satanás que seja,

mas deixa os meus lábios secos, gretados,
como a terra que hoje calco,

fala-me da voz em gritos, da praia que se perde
pela foz,
a sul,

neste nordeste de hoje, à míngua, à fome,

reduz-me, sem inspiração, ou tino,

ou verve,

à vista um farol que não existe, que definha,
e que se esconde pelo mar,
cousas assim, 

negações, tantas tormentas, alguns sonhos
encrespados,
suores,
noites, porque não dias inacabados?

,e relembro-me das cinzas, dos incensos,

das vertigens em pétalas vermelhas,
sangue,
das palavras que fogem, morrem
ainda no ventre,
afogadas, pisadas por outras maiores,
e fui por aí, ultrapassando horizontes como um cometa louco,
símile a um cavalo

com o freio nos dentes, rangendo,

repara nos nadas que cercam as margens,
tanta a inundação, as vísceras
inchadas,
os visos enrrugados sem unções, sem viços,

que os vícios não resistam, nem se acobardem,
promete-me,
a oliveira, a mirta, o alecrim,

o verbo,

mas rasga-me os fragmentos
desta rododáctila saciada
de regressos sem trevas,

sem as porras das sombras enfileiradas,

reconstruo o outro que não me larga.

E canso-me do páramo, do firmamento,
do ocaso,

destes círculos cortados pela metade,
das viagens que se prometem sem finais,
tantas as miçangas guardadas
tantas as cores que me acorrentam,

que depois fogem sem deixar traço,
perenes as peregrinações,

não há viagens sem final,
nem provectos começos,

perguntar-te-ei por um mar de sargaços,
por um adamastor escondido, em fuga
dirás,

ou pelos crepúsculos que me ardem
a memória,
quão perto dos pássaros que regressam,

senti-los-ei sem carícias,
enquanto a sica me penetra no silêncio.

Digo-te, lava-me apenas as mãos,

e deixa-me sonhar com as sílfides
que me empurram,

assim,

tão perto de tão longe.

(II)

,nós mesmos, no dia acabado, gasto,
nós mesmos distantes de um qualquer
cabo de tormentas,
[apenas, nós mesmos].



Poema de Francisco Duarte

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