Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 4 de junho de 2011

Sessão do descarrego

Sangue de boi
Sangue de cristo
O que é que foi?
O que foi isto?

Blasfemar
Vociferar
Descarregar

Soltar os cachorros
Soltar os demônios
Espantar os maus espíritos
Descer a lenha
Sentar o pau
Baixar o cacete
Deitar a madeira
Chutar o balde
Chutar o pau da barraca
Quebrar as estruturas
Rodar a baiana

Soltar o verbo

Depender dos outros
É pagar o pato
Engolir sapo
E cair do cavalo

A esposa crente
O marido cachaceiro

Roubou matou estuprou seqüestrou falsificou extorquiu
A ficha é extensa
Transgrediu todas as leis humanas e divinas
Foi pego
Convertido nasceu de novo
Um homem e tanto
Um homem santo
Agora transmite ensinamentos bíblicos
Mistos a sua experiência pessoal
Aos colegas de cela
Em versículos que
Ora rezam assim

O juiz bateu o martelo
30 anos de prisão
O cara ficou amarelo
A cara caiu no chão

Jesus não foi aceito
Então galgou a cruz
Um cabra de peito
Errou e aceitou Jesus

Jesus jejuou
Plantou
Colheu
Pregou
Até ficar pregado
E ressuscitou
No terceiro dia

O cão comeu
Plantou
Colheu
Pecou
Até faltar pecado
E regurgitou
A marmita fria

Zé Mané
Zé Ruela
Zé Ninguém
Zero a esquerda

Aquém do além
Amém

Poema de Andri Carvão