Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 26 de novembro de 2011

Supernova

“Porque tu és pó e ao pó retornarás”
(Gn. 3:19)


A supernova
É flor de raios
Apavorando
Floricultores,
A tantos povos
A contemplarem
Imenso brilho,
Origem e fonte
De todo o riso,
Do todo o choro
E da pergunta
Sobre o que somos,
Para onde vamos.

A supernova
É nossa mãe
E nosso pai,
Deu causa a tudo,
Ao teu destino
E à nossa fé,
Gerou profana
Buracos negros
Insaciáveis
E até as unhas
Tão comezinhas
Do nosso pé.

A supernova
É geometria
A ejetar-nos
Um rubro espectro,
Etéreo aspecto,
A quintessência
De todo o cosmo.

A supernova
É substância,
Todo o minério
Do teu planeta,
O claro enigma
Do teu mistério.

A supernova
É ferro e cálcio
Carbono e boro,
Matéria orgânica
Do teu desterro
Em supersônica
Exsudação.

A supernova
É festa e luz,
Tão branca luz,
Tão fero brilho
È vida e morte
A explodir
No céu da China,
Em Cassiopéia
E na Serpente
Ao olho enorme
De Brahe e Kepler.

A supernova
De nada esquece
E a si requer
Matéria outrora
A ti emprestada.

A supernova
Está no fundo
Do altivo céu,
Além do véu
Do firmamento,
Na grande Nuvem
De Magalhães
Que se te espelha
Destino e halo.

A supernova
Não mente ou ri,
Te dá o dente,
Depois o toma,
É tua origem,
É tua esfinge
Espelho e berço
De todo o fim.

A supernova
É muito séria,
Térmico útero,
Fornalha cósmica
Colapsada,
A Sanduleak
Brilhando mais
Que a própria Vésper
A derramar-se
Por vasto céu.

A supernova
Encena os céus,
Condena os céus
Com raios gama
E raios-x,
Ponteia os astros
Do cientista
E do menino.

A supernova
Que tanto amas
Em ti reponta
E te reconta
A própria imagem,
O curso d’água
De toda a vida.

A supernova
É a inflação
De quente lóbulo
Que nos semeia
Novas estrelas,
A sementeira
Evanescente
Que te refaz
E degenera.

A supernova
Põe a serviço
Toda a matéria,
E novas nuvens
E nebulosas
Que te fecundam
E te inoculam
Veneno e pólen
Do céu longínquo.

A supernova,
O bronze e a pátina
De novas vidas
E novas Terras.

A supernova
Deu tempo ao homem
E o subtrai
Do solo ao cosmo.

A supernova
Te dá o câncer
E a rara chance
De redimir-te
Ignorado
E ignorando
O próprio acaso
De toda história.

A supernova,
A destrutiva
A destruir-se,
A destruir-me
E a construir-nos
Do pó sidéreo.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados

Beber essa coragem líquida...

trata-se da terra e da água
os dois lados da mesma moeda
amor eterno por um biquíni

revolta operaria
aguardando um assovio

passos da cama até a porta
leite evaporado

tua sombra na bainha das pernas
repousando na paciência do corpo
criando outra camada de mim

reivindicando a metade
na partilha de momentos felizes
(um duelo do que ainda vai doer)

como se a alma devesse fugir
... e o corpo não aceitasse

dor, só não me empunhe sem motivo
só não me embainhe sem alma

na incansável turnê de dentro
(que conversam ao mesmo tempo)
arredondando cada trilha nascente
do que jaz não vive mais em mim...

Poema de Vânia Lopez