Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Mama




Ah, Mama África...
Por que nos separamos?
Os olhos brilhantes em Kilimanjaro
conseguem ver os filhos flutuando
nos oceanos e mares em seus navios continentais?

Com que memória você nos percebe
- nós, que te vimos chover o rosto
quando partimos para adolescer
entre os rios no Crescente Fértil?
Nós mesmos que buscamos
amadurecer entre os dois sóis?...
Consegue ver o que guardamos
da sensibilidade dos mundos do Nascente?

Pode notar tudo o que orquestramos no
pensamento
entre as pedras e arbustos das Polis ocidentais?

Porque foi assim, Mama África, com essa
infância, juventude
e vida pronta, que nos deixaste partir de vez para
esse mundo
de terra, água, fogo e ar...

Marcos Afonso

A luz dos olhos de Luci

Olha o Tempo! Olha o vento, através de tantos zeros!
A distância dum pensamento a percorrer milhões de anos.
Camadas da matéria adâmica, são ossos e sentimentos.
Oh, Luci! Luz vinda das cinzas embalada por vulcões,
Num magma de sonhos sob um céu miocênico incandescente.

Ampulhetas do Tempo, somam-se as estalactites e nascimento,
Quando o teu semblante olhava o futuro de teus descendentes,
As constelações desenhavam sobre a Terra, os contornos do destino.
O que era úmido e verde, tornou-se árido, corrosivo, restos de cascalhos.
Hoje são apenas memórias escavadas, no vento aquecido pelo passado.



O que viria a existir após se extinguir a última centelha dum olhar iluminado?
Seriam as estrelas, vindas de olhos ingênuos, a derramar sangue e destruição.
A sabedoria latente, como uma semente de gente, preste a explodir.
Mentes abstratas a procura de Deus, através de mares de incertezas.
Animal bípede e marinheiro ancorado no fundo da alma de todos nós.

Escavar o Tempo, expor teus ossos ao relento, além da eternidade,
Procurar desejos soterrados a milhares de Luas e estrelas fugidias.
Do nascer das auroras até as infinitas primaveras, tua luz irá florir,
Sonho onde o homem jamais irá pousar, seja dum sputnik, ou apolo.
Uma Deusa da fertilidade, se sobreporá aos Deuses do Olimpo.


Poema de Airton Parra