Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Monstro Teimosia



A vida é uma ilha flutuante
Sem porto fixo, sem norte.
Quanto mais se nada em sua direção
Mais ela foge.
O desejo vive nessa ilha.
Sedento, faminto, leproso.
Cego, banguela, horroroso.

Do alto mar já se vê o Morro do Pensamento
Onde as asas de Deus protegem a todos nós.
Atrás do morro vive um monstro bonzinho
Que estrangula
Mas só aperta e não machuca.

É o monstro Teimosia
Animal feroz que come as próprias patas
Para escapar da armadilha.
As patas são digeridas e defecadas.
Depois renascem firmes
Com as garras ainda mais afiadas.

E em todo esse emaranhado
Minha mais nobre atitude
Foi em cada lugar que passei ter deixado
Um pouco de meu pecado e de minha virtude

Monstro Teimosia que conta o irrevelável.
Monstro Teimosia que se transforma em noite
E nos banha de prazer e mistério.
O beijo que não se deu.
O sexo que nunca aconteceu.

Com o vento eu corro, pulo e rastejo.
Em qualquer brejo, em qualquer engenho.
Eu sopro em qualquer lugar
Mas ninguém sabe de onde eu venho.

E em todo esse emaranhado
Minha mais nobre atitude
Foi em cada lugar que passei ter deixado
Um pouco de meu pecado e de minha virtude.

Teimosia inexorável, soberba, sonhadora.
De gosto louco, bêbado, exótico.
Conivente com monstros depravados
Que se acariciam
Em frente à gigantesca tela plana de cinema erótico.

E quando as ondas duramente retardadas
Do mar Cáspio do meu riso
Baterem nas pedras moles da minha segurança
Eu vou me banhar num fumegante rio
Para que muito além do meu calcanhar
Seja meu corpo todo uma bonança.

Teimosia que não quer eu seja o sapo que se transforma em príncipe
Mas que que eu seja o sapo que devora auroras.
Teimosia que não que que eu seja o cão
Que se faz de anjo de luz para iludir e enganar
Mas o cão que ladra para a luz da lua
Para acalentar o sono e sonhar.

E em todo esse emaranhado
Minha mais nobre atitude
Foi em cada lugar que passei ter deixado
Um pouco de meu pecado e de minha virtude.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados.
Não entro mais
em mim mesmo
pois fico assustado
com as estranhezas
as quais vejo...
Pensar consome
as entranhas ...
Prefiro namorar
com a impessoalidade...
Corro para meu quarto
e admiro a geografia
que o decora,
as cores são
de um vermelho intenso,
quase um sacrilégio...
As janelas possuem vitrais
como os das catedrais...
Gosto do recolhimento
de monge
que apura
cada sutil toque
que a natureza propicia.
Abro as janelas
a ventania traz gotículas
de chuva-de-vento
e acaricia
minha pele
nua e crua.

Jorge Medeiros (07-11-2008)

É só esperar o outro dia...

 

Tem sempre um dia, em que o sol não nasce.
As flores não se abrem.
A lua se esconde.
O sorriso sai sem graça.
A tristeza te ameaça.
A brisa leve, sobre a poetisa se esquiva.
Coração abatido fica.
As palavras saem sem rima.
O corpo não se anima.
Olhar tristonho regado de lágrimas persiste.
Sentimento fragilizado sobre o céu nublado insiste.
Rua vazia na escassez de poesia, que é ironia.
Alma melancólica esperando primavera, que é fantasia.
O que me resta, é esperar o outro dia,
e crer que minha alegria vai fazer moradia.
E a mulher audaciosa, vai voltar cheia de energia.

Camila Senna