Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 12 de maio de 2012

[Finalmente]


(que o vulcão irrompa rápido...)


I

que se terminem as saudades, os rios, e
que o mar seja chão de terra,

que o silêncio seja buraco negro no meio de nenhures
onde a luz é um fio de linho sem cor.

Renascam novamente as orquideas, os cravos vermelhos,
e que as pétalas sejam doces como o mel,

os pássaros que encontrem poisos nas árvores perfumadas em ilhas escondidas pelo poente do sol.

Que o circulo termine em fogo de artificio,
jamais num breve fogo-fátuo,

e,

se a terra parar por um instante que seja,
que os deuses a rodopiem como o pião das crianças.


II

[Finalmente]
descansam os ventos alisios no sopé de uma montanha que pariu
o rio em dor,

ininterruptos os ecos que se repetem, estranha
a noite que não termina, mas que terá um fim,

reina um luar enevoado, adormecem as flores nos vasos,
na terra,
talvez cantem algures algumas sereias desapaixonadamente,
e os olhares fixam outros olhares mais perto,

partirei, sim, partirei
com a primeira maré do amanhecer.

[Que seja finalmente, que seja, que se cumpra o ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti meu amor, jamais o saberei, que o vulcão irrompa, finalmente].


Poema de Ricardo Pocinho