Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Roteiros Anadaluzes - I - Córdoba

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chegaste já no final do entardecer, quando
o sol queimava a ponte romana sobre o Guadalquivir
(sempre turvo), e atravessaste as ruelas
junto à mesquita-catedral – na magistral gonzalez frances,
onde a sombra te aliviou por um momento
a fé;

pelo bairro judeu caminhas às avessas,
tens todo o tempo para perder no Sepharad antigo
e o tetramorfo bíblico de Ezequiel arde-te
no estômago com um Cava Freixenet Extra perigosíssimo:

Marcos, o Leão
Mateus, o Cordeiro
João, a Águia
Lucas, o Touro

tu viste-o na mesquita, adivinhaste-o depois junto da
estátua de maimónides, onde a sabedoria se une ao caminhante
pela magia simpática de um simples toque;

agora anoitece,
os luzeiros descem no horizonte e inflamam de escarlate
as fachadas tão antigas como o sonho visigótico;

tudo o que foste até chegares a esta cidade dos califas
é tão etéreo como um bilhete esquecido
e agora podes interromper o fluxo das galáxias que se expandem
junto a este Guadalquivir (sempre turvo)
e sabes o segredo
porque é o segredo o instante
é onde tudo é panta rei do tempo curvo;

e tu agora sabes o segredo

não se deve, jamais, olhar atrás

ou o tetramorfo fará de ti mulher de Lot;

castigada impura,


petrificada em estátua de sal.



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Poema de MarioRevisited

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