Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 30 de setembro de 2012

"memória,"

colisão..

facto.
aparência de consumo imediato por..
(todos!!) os teus dias
ilícitos
pretendidos e-à, 
menção inclinada de um devaneio meu..

à tua porta..

um
ensaio.
em
declínio.
exposto e, de. tragédias semi-fartas
olhos e o dente
rélicas e nadas
a noite
e hoje..




(e)sempre.. 

ou. sequer aonde houver o teu rastro
ou nome
ou mero quadro precedido de tais motes e cortes
às tuas mesmas insinuações
teus sorrisos descidos 
tua pele
teu

lado(fixo),







ah, colisão..

é mera tinta que deitei de ti
é mera aquisição por respirar-te em verdade
quando,
em ápice dos meus registros,
só a tua letra desfaz
este
fim..
este pérfido inferno-início
pois,




é tarde.. e corre o prêmio lá fora
corre.. ainda acima das minhas intenções
minhas médias-perfeitas
minhas






linhas(e ilíadas..)






qualquer pena que te trazer à minha página, me determina
qualquer cena que te verter em ilustração, me condena





não te espero por cobrir-me à chuva
nem te esqueço à curva que não pretendi
eu apenas,




me lembrei..



Poema de Azke

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ausência

não sinto o gosto da tua boca
arde em mim uma paisagem rara
como os dias feitos de viagem
anda em mim uma memória calma
e meus olhos brilham de nuvem

e assim por não te sentir, sonho
em não cantar tua voz à noite
e não mostrar sob os lençóis
o que, por ser sombra, se descobre

por que não sinto o teu gosto
nas noites que passo em claro
nos dias em que deito e paro
e me oferto ao vento em teu lugar?


Poema de Caíto

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

fruto extremo

voce atravessando uma estrada de chão
desmanchando o truque das nuvens
se interpondo nos espaços criados pelo tempo
bonita e cheia de belas promessas
entre o céu e a terra
o melhor par de olhos
de perder o véu,

a sobrancelha como uma flecha livre e indomada
mancomunadas entre a fé e o pecado
na mais funda suavidade, no melhor do feminino
de tirar à vida,

você se aproximando em sol e chuva
arrancando os colares do dia
como se a música estivesse vindo através dela
era Deus esboçando o que não pode ser...
rasgando as tiras do silencio
de não se acreditar,

você prenha de rimas 
o cheiro do teu batom corre de castelo em castelo
emoldurando o assombro que dá por dentro
é o som da descoberta da alma
o pecado cai sem aviso,

como se segurasse um pássaro nas mãos...


Poema de Vânia Lopez

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No meio do marasmo
Um mísero verde cospe
Uma gotinha de orvalho

Marcio Rufino

domingo, 23 de setembro de 2012

hoje é a noite que me traz para os teus lábios

Hoje regressas ao mar onde está a luz com um 
degrau para os meus anos, e quem te viu trouxe-
me um rio de flores. Começou hoje o Outono, e
como devia ser. Começou e alguém, meu amor, 
pode ter utilizado o teu espelho e pode ter feito
que a noite ande pela primeira vez debaixo das
árvores. Tenho no futuro um pôr do sol com uma
nuvem branca e o amor abraçará a lua, se os 
teus pássaros forem rápidos e seguirem o sol. E,
hoje, nenhuma rua chegou aos teus dedos contra
mim: hoje, quando me mostras o ar que eu per-
dia, o ar quando o sonhava, ao
...........pé do teu rosto.

E hoje é a noite que me traz para os teus lábios 

E, hoje, é a noite que me aproxima de ti, agora
que as flores nascem mais cedo, e os lagos 
ficam a morrer do teu lado, Meu amor 


Poema de Francisco Eugênio Seixas Trigo

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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Desespero romântico II


Ó
Lua, luna
Lunática,

Dize-me
Que sou tua
À minha carne nua.

Desce, te conjuro,
Errática,
Sobre seio perjuro.

Não me venhas
Com tanta gente
Que te olha descrente,

Não me venhas
Com reles vidas,
Ruas e avenidas.

Vem difusa,
Lua prolixa
Dos amantes, intrusa,

Ó
Lua, luna
Hierática.

Vem e mente,
Inunda meu quarto
Profundamente.

Dize-me algo!
Mas nada dizes
Sorumbática.

Surja-me alva!
Mas me apavora
Fantasmática

No meu quarto
Após parir-me
Um lagarto,

Lua réptil
A devorar-me
Autofágica...

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados

49

(seja insectos citadinos que existem onde há pessoas, ou transportes de duas ou mais rodas que nos ensinam o equilíbrio & e libélulas gigantes com motor)

que é que queres
que eu diga mais
eu gosto de pessoas
de música e de boa poesia
de vinho e de gatos
mas não gosto de mariquices
prefiro um poema com verdade
a um ramo de flores poético
na voz duma alma qualquer
flores são bonitas
para quadros antigos impressionistas
mas sou alérgico
como aos gatos
mas estes suporto-os
um pouco de cada vez
e o raio dos gatos
gostam da minha presença
talvez algo de gato 
vadio de rua
sou um poço de incongruências
como qualquer um
que é que queres
que eu diga mais
sou muito vaidoso
todos os santos dias
me miro ao espelho
gosto de rugas
um rosto sem rugas
é uma mentira
um rosto sem rugas de tempo
é uma mentira
quem gosta de sentir uma mentira
debaixo da pele
ando para aqui e entrei porque a porta estava aberta
e ninguém me impediu de entrar
volto e venho 
e não tenho de explicar porque
era o que faltava
que é que queres
que eu diga mais
visto-me assim
com um fato barato e amarrotado
calço sapatos que se podem engraxar
mas não o faço
molho os pés porque estão furados os sapatos
não dispenso gravatas escuras e torcidas
nem sempre faço a barba
e levo no bolso direito
uma garrafa de cachaça
porque gosto de coisas brasileiras
mas fica descansado
abotoo sempre um botão do casaco
a porta estava aberta e entrei
que é que queres
que eu diga mais
se te parecer mal
manda-me embora
mas posso voltar se me apetecer
faço o que me apetece
aprenderás isso
não me dou com o vai para ali
e vem para aqui
não tenho nada
não tenho bens
só pessoas 
tenho-as no coração
nunca morrem
e já são muitas e às vezes gritam
todas juntas
claro que acredito em Deus
e espero que Ele ainda acredite em mim
que é que queres
que eu diga mais
nunca escrevi sobre baratas, bicicletas e avionetas
são meras metáforas
para as coisas que não deitamos fora
e guardamos sem saber porque
ferro-velho e memórias empoeiradas 
é sobre tudo sobre o todo e o nada
sobre a sombra e o que ofusca
não leias
vive
vai beber um chá na companhia 
dum agiota qualquer
existem aos magotes
respiramos e damos mais um passo em frente
não tem muita ciência
andamos por aqui
somos iguais
que haveria de escrever
senão sobre o que me preocupa
que é que queres
que eu diga mais
nasci em 66 vê lá
que interessa as baratas ou os fuscas
as bikes ou as pequenas naves voadoras 
morrerei num destes dias
devagar ou de repente
esta é a minha biografia
que ame quem amo
e que não falte comida a quem de mim depende
um dia amanhã tudo acabará
não te preocupes
olha - Fim
que é que queres
que eu diga mais

set. 12


Poema de Carlos Teixeira Luís

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

[...e deixa a poeira destas encruzilhadas invadir]


e deixa a poeira destas encruzilhadas invadir
este tédio que me repete,
que me cobre como o tafetá,
santifica-me a emoção em escarlate, nudez essa
de teu peito coberto por nuvens em cirros,

mas...

ensina-me a colher o mel pelo ocaso
onde miçangas reluzem, estrelas cadentes também,
quando o mar se espraia para além das violetas adormecidas,
[clareia-me a noite].

Na verdade dir-te-ei,

pudesse ser eu o verso que treme pelo anoitecer,
pudessem ser as mores distâncias apenas o simples respirar,
pudesse eu afundar olhares de adamastores sempre irados,
pudesse sossegar-me como o aloé que nasce da estrada,
enquanto habitas estas divisões quais páramos em mim.

[E repetir-me-ei: ensina-me a colher o mel pelo ocaso...
que fazer, perguntar-te-ei].


Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

eu e Deus

pelos olhos os minutos atrás
passos frescos manchando a tinta da escada
os fios do poste invadindo o quarto
no peito da noite uma estrela
um riso suave... namorando os lábios
a pele viciando o perfume
o silencio reclamando abrigo
trilhos, temores, teus favores pelos corredores
os minutos possuindo o relógio...
eu e Deus, à esquerda
o depois de amanhã um demônio
(meu castelo)
a alma de vidro criando beleza
para o desfecho das pedras
o tempo... um abraço forte
já não era meu...
era algo seu esquecido em mim.


Poema de Vânia Lopez

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domingo, 16 de setembro de 2012

A cotovia não canta à sede

Embalo a planície da tua mão sobre a minha mão,
Percorro-a com o arado dos meus dedos,
Abro sulcos na terra virgem,
Lanço-lhe as sementes dos teus lábios,
Rego-os com uma lágrima que corre na nostalgia do sonho.
Um aroma a terra húmida, embriaga
O sentir da tua presença.

Trás a barca através da cortina de bruma,
Senhora da madrugada alva,
Minhas mãos no teu longo vestido,
Remam nas águas adormecidas
E deslocam remoinhos no teu corpo nu.
Desfruto nas margens do segredo,
O fruto azedo do teu âmago.
Deixa que a barca desça selvagem
O rio que nasce no vale dos teus seios,
Eu afogo-me no cheiro do teu ventre
No enlace das nossas tormentas,
Vem senhora da barca
Comigo molhar os pés,
Vem sentir as pedras frias dos meus olhos,
Beija-me estes lábios de vento.

Há um refúgio em ti
Onde lanço os meus segredos,
Não há ecos de receios nem traições.
A minha boca encontra a tua boca,
Entre risos e beijos.
Agarras esta torrente que esta prestes a chegar,
Dentro de ti descubro um mar,
Eu transformo-me na onda que invade a tua praia.
Por fim, adormeces, naufragas nos meus braços,
Um lençol de névoa cobre os nosso corpos exaustos,
Um doce odor do amor breve
Denuncia a nossa primavera.

Partes devagar,
Apenas pó e caminhos ficou,
Dizes que alguém descobriu um pôr-do-sol
Na planície verdejante do teu olhar,
E que uma espiga de trigo despontou no teu sorriso.

Sei agora, que esses brincos de urze
Que nas tuas orelhas coloquei,
São já mirradas flores castanhas.
Sabes,a cotovia não canta à sede.
Mas, eu desfaleço num cântico alentejano.

Autor: Sedov

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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

quase não lhe resisto...

surgiu na saia mais azul
que uma pincelada de Van Gogh

respirou o ar como se nada o respirasse
mentiu com a mesma boca (vermelha)
que roubava do vento um lamento

dispôs das armas num lento olhar
inundou o sossego enquanto a chuva bordava
música no telhado

sob o mesmo céu sua cintura desafiava a gravidade
o cinto driblava um pedaço de pele
como uma ilha sem ligação com o continente
sem ponte ou barco para atravessar

com os cabelos ordinariamente distraídos chicoteou o ar
numa total provocação inflamou o chão... carregando o mundo
(foi como encontrar um anjo no inferno)

Deus bem podia arrancar o farfalhar azul dessa saia
que oscila em meu peito
antes de desaparecer como um suspiro
... vendo todas as ruas passarem


Poema de Vânia Lopez

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

[...e tantas são as viagens que me alumbram


e tantas são as viagens que me alumbram,
quiçá por sonhos nunca dantes realizados
onde se degustam silêncios vogados ao vento
que sempre me arderam.

Ignescente memória revelada
nestes olhos sem choro que miraram além da proa,
além das níveas montanhas.
relembra-me, acolhe-me enquanto o ceu estreleja pelo entardecer dos dias em verão.

Que se extingam as palavras que os deuses libertaram,
que rocem o infinito desejo, quão perenes
penetram mar adentro, quais viagens desassossegadas
mitigadas pelo som destes marulhares sempre presentes.

Acolhe-me em sorriso, desnovelando
cousas incertas aprisionadas, ilusões outrossim,
relembra-me, uma vez mais,
a cor das cerejas dissipada por entre sussurros só nossos.

Inda me peregrino em mim, sabê-lo-ás.

[-Senti-lo-ás? Perguntar-me-ei.]


Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)

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sábado, 8 de setembro de 2012

O silêncio do tear

Com um sim se diz não.
No vagar dos tempos
Entre o espaço cidral dos teus dedos abertos
Há um tear mecânico
Onde nossas mãos ávidas
Quiseram tecelar um tapete de orelos
Com os trapos dos momentos partilhados.
Foram as nossas palavras a urdidura
Que fomos esticando
Mas o pente liço atrofiou-se uma manhã
E os fios quebraram-se.

A poesia do teu corpo ficou fechada
Com todas as vontades viradas do avesso
Não penetrei a poesia da tua flor
Nem cada detalhe do teu corpo desalinhado
Os beijos, a língua, a saliva, o suor, a pele molhada
O falo túrgido
Esmoreceram
Num campo de cardos.
Eu sei que cada um de nós um dia chegou a imaginar
Os nossos corpos fundidos
Num vaivém em suaves entregas
No fio de trama do tear
Onde tecido seria a nossa carne
E os nossos sentidos entregues a um amor sem regras.

Ficou o desejo mudo
O que faz de nós meros filatelistas
Que nos preocupamos com os pormenores mesquinhos
Da integridade da serrilha de um selo.
O desejo mudo
Esmaga-se à noite no silêncio do travesseiro,
Olhos abertos na escuridão
Ao vaguear pelo firmamento de tecto do quarto,
Sente-se o vazio de um corpo ao lado
Que respira e dorme profundamente
E o desejo de noite não é o desejo do dia
E o desejo cala-se
E a lua consente
E o sono chega
E manhã que há-de chegar não será mais uma vez
A manhã
Que com um sim se diz sim
Ao que sempre se disse não.


Autor: Sedov

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Noite

Nesta noite não há cantos de melancolia
Dos bêbados à porta do centro comercial
A florir a noite da cidade,
Nem mesmo os gatos vadios
Com seus miados acutilantes
Dilaceram a escuridão,
Nada se vai refugiar na caverna da memória.
Deixou de ser fria a noite.
O meu corpo está trôpego e ébrio,
Uma visão de plena brancura no meio do breu,
Um pano que se estende sobre o meu rosto
Igualmente branco
De uma macieza doentia
Onde o aparecimento de uma ruga imprevista
Transforma-se numa agonia pior que a morte.
Será isto um pesadelo?
Há muros erguidos em meu redor.
São paredes irregulares de uma cova
Em que me afundo.
Nesta noite primeira
A dança das prostitutas ao longo da Avenida,
Os carros que abrandam e as recolhem
Não me desassossegam os sonhos.
O choro de uma criança recém-nascida
Pode bem ser a minha cama.
A luz difusa numa janela de um apartamento
No cimo de um prédio
Projecta uma sombra chinesa
Sobre as nossas consciências:
Uma mulher é agredida e violada
Na mesma cama em quem imaginou ser amada.
Pressagio terramotos do fim do mundo,
Talvez porque isso me traga a sensação dos marmotos
Que vivi sempre que me tomaste em teu corpo.
Mas a lua está ausente dos teus lábios
E mesmo o lago que um dia descortinaste nos meus,
Nesta noite pouco mais são que um pântano.
Os ventos das planícies afagam-me os cabelos
Dos meus olhos secos brotam lágrimas de abandono
No momento em percorro os caminhos incestuosos da morte.


Autor: Sedov

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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

[...se a terra pariu flores]


se a terra pariu flores e searas que o vento
enlaça,
símiles a mares enterrando sonhos e destinos
que as maresias transportam para tão longe,
mores os sigilos escondidos,
em ti,
em mim.

Dos perenes múrmurios que restaram, hoje
que sejam gritos.

Oiço ecos, um dia relegados como procelas
invadindo desejos redentores, anseios extasiados,

oiço estrelas pelo indesmedido sonhar,
apenas sonhos onde a mímica dos lábios
expressava o que se queria ouvir, entender,

tantas horas mirando, o nascer, o pôr, o sol,
enfim, solilóquios não desvendados,
vã surdez.

Ser-me-ás sempre réstia de luz pelas noites,
quão breve esta vida me seja.

[… se a terra pariu flores e searas que o vento
enlaça,
que seja permitido perpetuar-me no aconchego do teu ventre,
enquanto este salso mar me assola]


Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)

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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Da natureza dos gatos

O que mais se parece com um gato , é o esforço para descrever a leveza de sua consciência e a velocidade de sua determinação ,felina e breve . Abominar a mão que o afaga e partir célere, sem adeus, talvez sabendo que um adeus talvez seja demais e não querendo voltar e repeti-lo, simplesmente vai, sobre os muros e parques, sem consciência de sua natureza andarilha e selvagem, apenas vai andarilho selvagem, disfarçado de criatura doméstica e domada , sem domus e sem dono , sempre igual a si mesmo, um passo cauteloso ; em frente ao desconhecido, simplesmente contorna -o , até mesmo quando não der para contornar com tudo de felino de sua natureza . Mão materna , paterna ,apenas amiga ,pouco importa , um carinho é apenas um carinho , nada além de carinho e o mundo é muito grande ou nós outros, muito pequenos ,de repente monocórdicos em nossa afeição de humanos , desnaturados do que não é gato,contempladores inertes de vidraças embaçadas de felina ignorância
Autor: André Albuquerque

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Roteiros Anadaluzes - I - Córdoba

.


chegaste já no final do entardecer, quando
o sol queimava a ponte romana sobre o Guadalquivir
(sempre turvo), e atravessaste as ruelas
junto à mesquita-catedral – na magistral gonzalez frances,
onde a sombra te aliviou por um momento
a fé;

pelo bairro judeu caminhas às avessas,
tens todo o tempo para perder no Sepharad antigo
e o tetramorfo bíblico de Ezequiel arde-te
no estômago com um Cava Freixenet Extra perigosíssimo:

Marcos, o Leão
Mateus, o Cordeiro
João, a Águia
Lucas, o Touro

tu viste-o na mesquita, adivinhaste-o depois junto da
estátua de maimónides, onde a sabedoria se une ao caminhante
pela magia simpática de um simples toque;

agora anoitece,
os luzeiros descem no horizonte e inflamam de escarlate
as fachadas tão antigas como o sonho visigótico;

tudo o que foste até chegares a esta cidade dos califas
é tão etéreo como um bilhete esquecido
e agora podes interromper o fluxo das galáxias que se expandem
junto a este Guadalquivir (sempre turvo)
e sabes o segredo
porque é o segredo o instante
é onde tudo é panta rei do tempo curvo;

e tu agora sabes o segredo

não se deve, jamais, olhar atrás

ou o tetramorfo fará de ti mulher de Lot;

castigada impura,


petrificada em estátua de sal.



.

Poema de MarioRevisited

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domingo, 2 de setembro de 2012

como pão no prato sagrado

tua maquiagem indiana
teu olhar vestido de gala
tua boca margem de desejo crescente
tua nuca entorta o vento
teus braços rogam um roubo
tuas unhas correm como veneno se alimentando do sangue
tuas mãos banhadas de silencio
teus pés violam a terra em carícias
tua penteadeira cheia de pistas de colares, pulseiras, digitais de perfumes
tua veste troca de pele na penumbra
tua fita no cabelo unta a alma de lembrança
teu colo um demônio sonhando
tuas veias cantam, causam feridas no céu

dá-me um lugar para fugir do mundo
no fundo do meu ser
tua lágrima como pão no prato sagrado

aceite esse beijo na sobrancelha
escolha minha roupa (uma que cubra pecados)
deixe que nossas almas disputem entre si
enquanto dançamos através dos tempos


Poema de Vânia Lopez

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[...é-me lomgíqua a linha do horizonte]


é-me longínqua a linha do horizonte,
que escaqueira a ondulaçao invisivel do sonho manso,

mansidão que se deseja encabritar em ânsias,
mas que se atrofia sem beijo, sem toque ou cheiro,
destinos incumpridos, direi.

Nos olhos extasiados pela longitude,
prometem-se outros mundos férteis em belezas, desertos
de almas, ou de olhares, prometer-me-ei um dia.

Destinos, direi.

Os homens lançam-se ao mar, sem temer a preia-mar,
as mulheres de negro miram o céu que se abre em azul,

ajoelham-se como pedintes, cumpridoras do ser em súplica,
e mesmo rastejando pelo areal,
jamais serão envolvidas pelo ténue abraço do sol que
insiste em permanecer, vão-se as visões.

Ouve-se o ranger da madeira, os solavancos da ondulação,
“- mar arriba... mar arriba!”, grita-se,
e o leme que antes roçava as areias, orienta rota,

nada, apenas direi.

Resto-me apenas, o olhar[?]

extasiado, direi.

Poema de Ricardo Pocinho

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sábado, 1 de setembro de 2012

Sarau Donana





Slow da BF e Lírian Tabosa recebem o carinho dos companheiros do Pó de Poesia Camila Senna e Jorge Medeiros.


O público curtindo o sarau.


A poeta Ivone Landim declama seus poemas.


Dida Nascimento e o cantor e compositor Cláudio Camilo.


A brilhante presença da poeta Lírian Tabosa


Eu declamando um de meus poemas.


Eu e Ivone Landim


A bela e doce presença da poeta Ianê Mello.


Eu e os amigos do fenomenal Camaleões do subúrbio Djélli Bonnie, Felipe Rey e Ianê Mello.


Os fanzines criados por Ivone Landim.



Está sendo um sucesso a nova edição do Sarau Donana que está acontecendo no Centro Cultural Donana, na Rua Aguapeí, 197, no bairro Piam em Belford Roxo. O sarau rola todo último sábado de cada mês e tem apresentação do grupo do qual tenho a honra de fazer parte, o Pó de Poesia. Nesta noite do dia 25 de agosto, a récita teve como convidados a poeta Lírian Tabosa e o cantor e compositor Cláudio Camilo. Além da participação dos poetas do grupo Camaleões do Subúrbio Ianê Mello, Felipe Rey e Djélli Bonnie que abrilhantaram a noite com suas extraordinárias performances.