Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

[Há noites escuras]

Há noites escuras,
mais escuras que outras,
noites sem a lua dos amantes,

há noites que escrevo sem pensar,
tudo é possível, cometas
no quarto, corais na cama,
caravelas no copo de água
baloiçando,
noites.

Noites que removo o coração,
noites que dispo esta pele tatuada,
e o sangue espalha-se pelo
soalho, e o papel avermelha-se
também.

Há noites que escrevo nas paredes,
sentimentos,
histórias de alguém,
podem ser histórias minhas,
podem ser histórias,

e olham-me as sombras, assim,
apenas assim, que fazer?

Há noites que as saudades corroem,
queimam o que resta,
como labaredas desenfreadas,
línguas de fogo sem aurora boreal,
sem,
sem explicar.

Há noites tão escuras,
sem soluços, com todas as lágrimas,
que toda a minha vida me reaparece,
novamente, sim,
novamente,
só não a consigo agarrar,
só não a consigo tocar,
não consigo.

Há essas noites mais escuras ainda,
as noites das lembranças,
as noites das recordações,

esqueço-me dos dias,
esqueço-me do sonho,
esqueço-me,

e tudo revejo,
até a cor do dia,
até a cor daqueles dias
que antecedem estas noites tão escuras.

Há noites,
há tantas saudades,
são tantas as minhas saudades,
são tão escuras as noites.


Autor: Transversal