Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Chacina de 7 de abril de 2011.



Meu coração hoje, dia 07 de abril de 2011, sangra. Sangra revolta pelas vidas friamente assassinadas em Realengo, Rio de Janeiro. A cidade está de luto. Manchada por sangue de crianças inocentes que estavam em sala de aula para aprender, sonhando com seu futuro, idealizando sua profissão, estudando para ser alguém. O fim do mundo para mim é o cenário de hoje; o amor está esfriando...

Filhos que mandam matar pais por dinheiro, mães que jogam seus filhos no rio, no lixo, porque querem se livrar de ser “mãe”. Irmãos brigando e planejando a morte um do outro por herança, o Massacre da Candelária e tantos outros casos violentos já acorridos aqui no Brasil, mas o de hoje, chocou-me o coração de uma forma peculiar.

Fiquei perplexa com tamanha frieza e incredulidade para com o outro, quanto ódio tinha aquela alma, que por não se amar achou nada acabar com a vida de filhos de mães que só queriam viver, ser, e crescer. Sou mãe, e vendo as imagens e os relatos de pessoas, fiquei sem chão. Bateu-me uma angústia de escurecer a vista, me deu medo, senti ódio da forma cruel e impiedosa que esse “menino monstro” executou seu plano.

Não sei o contexto da vida dele, qual o trauma de infância, se era maluco(não creio), não sei. Só sei que ele adentrou friamente naquela escola, onde um dia estudou. Planejou tudo espalhando terror, fogo e sangue. Creio que se não fosse um aluno ligar para sua mãe e avisar o que estava acontecendo, a trajédia seria pior, o cenário seria de filme de terror. A impressão que tenho, é que ele não foi alí para matar algumas pessoas, foi para matar a todos.
Como quem não tem coração, temor e nada a perder. Seja lá o que se passou naquela vida parasita. Nada, nada lhe dava o direito de fazer “justiça injusta" com as próprias mãos. Fazendo guerra, causando espanto, deixando mães sangrando, deixando sequelas e um vazio que muitos, no decorrer dessa chacina, sentirão. Não sendo mais os mesmos.
OS GRITOS DE JUSTIÇA ecoarão para o além. O assassino, monstro, frio e cruel, matou-se.

A súplica que faço aos céus, agora, é que Deus, com sua mão de misericórdia, cuide das mães devastadas, sabendo que aqueles corações jamais serão os mesmos. Meu Luto.



((( Camila Senna )))




revoada

perto das três horas da tarde
a primavera desenhada em minha saia
se iluminava
saia correndo pelo quintal
causando revoada nas galinhas
encostava o dedo no arco íris
puxava uma linha
fazia um rabo de cavalo no sol
tudo podia, tudo podia
eu rodopiava
rodeava a barra da saia
com as mãos em concha
ficava caçando os sorrisos
que iam caindo...
rezava um a um

Poema de Vânia Lopez