Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Flor de Cravo...



Meus pés alvos tenho-os banhado com unguento
Para tirar todo o odor da inveja e da peleja.

As velas que velam contra mim,
Que o vento forte as apague, desviando-as de mim.

Quando eu olhar para a vida
Que meus olhos sejam margaridas.
Plantando flores e colhendo amores.
Traçando o gozo íntimo inefável.

Minha boca é rubra de seda
Cuja língua é gentileza mas sabe ser fel com grandeza.
Rejeito todo o olhar envenenado de fúria.

Estou a caminho dum regaço, me faço flor de cravo.
E Toda boca, todo olhar, toda mente, que tenha por mim afronta.
Fique muda, fique cego, e perca a memória.




((( Camila Senna )))

Tecelã

Tecelã de traço e forma,
És contrária ao arbitrário;
À desordem impões modo,
Aparência que te agrada.

Frente a todo esse tumulto,
Traças formas e volumes.
O tecido que se urdiu
Contra o intento da razão

Tu desfias em quimeras,
Reprojetas proporções,
Redesenhas arrabaldes
Sobre a folha de papel.

Régua, lápis e compasso
Traçam ordem à cidade,
Entretecem teus desenhos
Inimigos dos garranchos.

Tal quimera entanto notas
Deste intuito tão complexo:
Há pessoas nas vielas,
Multidões incontroláveis

Te ferindo, pululando,
Vomitando escrita insana
De tortuosos domicílios
Formidando irrefreáveis,

Construídos na premência
Implacável de viver,
De morar, sobreviver
Em cidade que se fecha,

Põe num cárcere a beleza,
Em um cofre sem segredo
Para quem ficou de fora
Esquecido, pelos becos.

Entretanto, tu não cessas
Teus projetos sobre a folha:
Tão concreta poesia
Que teus versos são as linhas

De indivíduo geométrico –
Teu recôndito profundo,
Claro mundo de ideal:
Monumento solitário

A ti mesma dedicado:
Pedestal em que te pões
Face um mundo tão faltoso
De arte e técnica e afeto.

Felipe Mendonça -
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