Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

PAISAGEM DA LUA



      Eu morei no Brooklyn. Morei um bom tempo no Brooklyn. Tenho muitas fotos dessa época. Fotos das esquinas e com amigos que convivi. As fotos são todas em preto e branco. Gosto de fotos em preto e branco, acho que são mais reais, mesmo sabendo que talvez a realidade seja melhor na paisagem da lua. Tenho fotos de pessoas com sacolas atravessando a rua e fotos nos bares com amigos e nossas cervejas. Às vezes eu ficava perto da ponte, são muitas pontes, mas havia uma ponte diferente, era a ponte sobre as águas na parte do rio perto da curva onde enterram corações, onde enterram histórias e astronautas doidões. De um lado do rio ficava a estação de trem, parecia a estação onde se tocava gaita, de tão isolada que era. Do outro lado ficava a parada do ônibus que partia às cinco da manhã para Manhattan e só retornava as sete da noite. A parada do ônibus ficava na porta do bar onde eu e meus amigos bebíamos nossa cerveja ouvindo Joan Baez e declamando poesia. Numa noite dois parceiros cantaram uma música de autoria deles:  "Ela é minha Joa Baez, Eu sou Bob Dylan dela". É a última lembrança que tenho do bar na parada do ônibus, do tempo que eu não sei se volta mais.
       Eu morei no Brooklyn tantas vezes que nem lembro mais. Ainda passeio por lá algumas vezes, mas não tiro mais fotos, agora é tudo em cores e as fotos não são reais.
Arnoldo Pimentel