Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 18 de outubro de 2011

Confusos sentidos, fiel sentimento...

Muita vez, enquanto sentinelas, desejamos que quebre a nossa vigilância, o sono; assim, presos pelas suas escuras vendas, podemos encontrar liberdade nos sonhos; com efeito, neste momento, livres dos grilhões da vigília, raramente, dormindo estamos, ou antes, enquanto estamos sonhando, raramente, nos vemos em sonhos, dormindo.
Esta confusa ilação, creio que fora concebida em longa vigília, que me torturou durante os meus cinco dias em que passei “as noites de claro em claro e os dias de escuro em escuro”*. Assim, “do pouco dormir e do muito ficar acordado” *, fui mesmo ficando confuso, de tal forma, que quando consegui dormir, me vi em sonhos dormindo, ainda assim, não perdendo a esperança de tudo ver às claras; se é que, possível é, em sonhos assim ver! O certo é que quando me despertei, quis entender que cada uma das minhas vigílias futuras, nada mais seria que um período de tempo que se bem tolerado, ainda que longo fosse, ensejaria a minha oportunidade de contrair o direito de receber em recompensa pela espera, ainda que curta fosse, novas ilações pertinentes ao mundo dos acordados.
Em vigília ou não, quando surge confusão, ainda que pequena, arrasta consigo, outras, e por vez, grandes; assim acordado em sonho, enquanto dormia, ou talvez, acordado esperando o sono, concebi estes versos:

Pode ludibriar nossos sentidos uma suave essência?
Sim! Pois ao ouvir o perfume da tua voz, não me contive,
Ou confuso fiquei por momentânea perda de consciência.

Se confuso estava, poderia sentir o doce gosto de tua pele, se pudesse te tocar!
Não! Confuso não estava! Pois, sei que dos sonhos, tu não vens!
Mas, se queres dominar o meu sono, o que devo fazer, em vigília, contigo, para ti dominar?

Assim tenho vivido, ou antes, quando acordado não estou, assim tenho dormido.
Resta-me para sair deste desarranjo mental, consultar meu coração.
Mas, só posso fazê-lo, ou antes, só poderia fazê-lo, se ele não estivesse deprimido!

Inertes, desanimadas, indiferentes, são as vítimas da depressão!
Assim não estou, logo, hei de me ver reagindo.
Sinto que meus sentidos, ainda que desorientados, não fazem calar meu coração.

E ele, tão forte pulsando, adormecido não pode estar.
Pois, que valha por regra!
Um coração que não se rende ao sono, motivos tem para querer nos despertar...

Pois que assim seja, estou de olhos bem abertos, para senti-lo no meu peito, falar.
Que fale, pois, para ouvi-lo com atenção, atentos estão meus ouvidos.
Mas, se possível for, que fale antes, o coração da minha amada, pois, em seu peito, dúvida nenhuma vou encontrar.

* - Da pena do meu queridíssimo Cervantes, saíram estas referências ao meu amantíssimo “Cavaleiro da Triste Figura”.

Crônica de Elias Barbet

Sorriso Russo




não olhe para mim
com essa cara de moscou
esses olhos orloff
seu sorriso russo
sem mais montes urais
partindo-me em dois
causando o cáucaso
não invoque vladivostok
nem me toque
ingrato, ingrato
leningrado
isso não vai ficar assim
ainda saio da miséria
te largo na sibéria

Lucas Viriato