Manifesto do coletivo Pó de Poesia
O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.
Creia.
A poesia pode.
(Ivone Landim)
sábado, 30 de março de 2013
Mulheres
Exprimem-se em redes densas
Figuram e transfiguram
Solidificam e se desmancham
Compreendem toda a essência
Da existência,
Da sapiência,
Dos gritos e dos silêncios.
Mulheres
Trazidas ao mundo
Pra clarear horizontes
Pra injetar luz
A um ser que só tinha
membros, tronco e um falo.
Jorge Medeiros
(29\03\2013)
"o credo"
causa. e arbítrio revogado, acto fértil
auto-estrada da minha própria dívida
oh! asa vã em costume de excessos
à cada linha tênue que te livra de mim
por resolução, é queda da minha venda
em tardio e oposto lado de ter(e) assim
qual longe.. qual fome e à mesma cena
por espelho redundante que te despe
à demanda e ao açoite em penitência
pagã cortina que te deito, à fé de febres
tal um livro desdito em mentira amena
ao suave toque dos teus lados carnais
é. minha! opção de regresso que te refaz
oh,
carta que te cubra de mim, (...)
Soneto de Azke
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OS QUE VÃO MORRER TE SAÚDAM
quinta-feira, 28 de março de 2013
Fanatismo I
durante sua vida inteira
serão todos redimidos
por um santo de madeira
a fiéis, cruéis, vendidos
cada qual a sua maneira
o paraíso é resumido
num livro de cabeceira
Autor: Acento agudo
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Ants
Dói-me o corpo da realidade compressora sobre a carne
E dói-me a cabeça com o peso destes pensamentos sólidos.
Estou cansado
Não pelo que fiz hoje
Mas pelo que tenho agendado para fazer amanhã.
Se soubesse que ia morrer esta noite
De certo andaria folgado e leve
Por não ter nada para fazer amanhã.
O que me cansa são os dias programados
A repetição no pensamento, antes de acontecer a repetição dos dias
E cansa-me mais a certeza de pensar nisto
Do que tudo o que tenho para fazer e que sei que não farei
E esta certeza aleija-me o corpo como culpa de faltar com a vida.
Quisera o destino que fosse humano
E que tivesse pensamentos sólidos
Sobre qualquer coisa que cheira a céu e a divino
Quando deveria ser formiga, feliz por não pensar repetições
E por andar sempre junto à terra.
Ando farto de ser deus do meu destino por cumprir.
Hoje estou cansado da realidade de não ser formiga.
Estou sentado numa cadeira a ver formigas
A passarem encarreiradas na labuta automática de não pensarem amanhã
Nem no segundo seguinte, nem na morte a consumir-lhes o tempo.
Estou sentado na cadeira que me persegue para onde eu for
E cansado de fugir dela
Cansado de ser eu e ter pensamentos sólidos
Agarrado à vida e a coisas vagas como amanhãs com cheiro de morte.
Cansado
De ver formigas.
Poema de Nuno Marques
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domingo, 24 de março de 2013
Momento ou poema de vida (inteira)
Dia por dias, passados e futuros, que me imprimem fotocópia.
Imagino-me na totalidade, repartido por folhas diversas
Respeito instruções, a vida fora do corpo, de uma gráfica universal
Sigo à risca e metodicamente o manual do sapiens republicado
Onde à nascença foi carimbado o meu nome.
…
Para amanhã, já me dei à luz
Alimentei-me de rotina para morrer ao fim do dia
Mas hoje, sem a asma que sei que sentirei amanhã pela manhã
Sem o ar de frete que me trazem outros na cara na fila do trânsito
Sem trabalho, sem almoço, sem cigarros, sem mais trabalho a tarde toda
Sem o embrulho no estômago… jindungo no cu de todos os meus eus
Sem luzes agarradas aos faróis na fila de volta a casa
Sem banho, sem jantar, sem bola na TV, sem cama e sem sono
Hoje, sem nada do que me fará ser eu amanhã.
Delírio passado ou verborreia inútil
Nasci em partos complicados e criei-me igual todos os dias
E nem num apenas, me mandei a merda e fiquei a dormir.
Noites, insónias suadas
E guilhotinas suaves para encadernar vida em pensamentos.
Lição futura ou cáustica previsibilidade.
Crio-me de novo, cómodo, e de novo e para o ano inteiro
Amamento-me e cresço nos lençóis surrados da preguiça de os mudar hoje
…
E eu, tantos
Já sou tantos, antes e depois, que agora, não sei qual sou realmente
Que importa, sou todos, uns iguais aos outros
E de todos, não quero ser nenhum de mim
Convoquei-os, mesmo àqueles que já esqueci
Reunião, assembleia-geral, eu com os meus eus reunidos à minha volta
Todos intimados a escrever sobre quem sou.
O tempo não existe
E eu, momento, folhas brancas.
Folhas brancas
Ou uma vida inteira.
Poema de Nuno Marques
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sábado, 23 de março de 2013
Poema da vida inteira
terça-feira, 19 de março de 2013
"perjúrio,"
eu não tomarei este lado. ora, nem mesmo alvo por explícito!
não deitarei à relva da noite que te ouve, nem ao palco do ar fictício
da morada refém em desigual referência ou alta que te comprem
eu não abrirei os teus olhos mais.. eu sequer, posso te sentir
ao crime que te referi, ao prêmio da minha carne, é: tão.. tarde
ah, eu.. preferia ter-lhe o retrato em branco, à vénia única de ti
mas, hoje/amanhã e depois eu não tentarei a porta que te abre
cai. peça da minha virtude!! tão impulso de reter-me ao chão..
prévia da minha mão.. minha mesa de frutas e o único pão
tal registro da letra que te corre o ventre, da pena que te quer
cai. peça da minha íliada preparada pra perder.. do pecado e fé.
terra de contos quaisquer.. à linha de partes e curvas e frentes..
ao exercício de mentir-te mil dias, mil vezes.. mil letras, e. sempre
Soneto de Azke
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Brincadeira tem hora
é reconfortante
Somente nesse patamar
as brincadeiras
são possíveis
Não gosto de ludicidade
com os corações
alheios
JORGE MEDEIROS
(15\09\2010)
sexta-feira, 15 de março de 2013
"torrente"
tardes e cartas em sumos livros degolados
ávidos corpos em dança de mares e pecados
barcos e crimes em alferes iguais destas telas
oh! sereia que te conto ver à noite mais livre..
ao alvitre que devolve em cura puta qual convém
tarde te sejam os seios, os sêlos e o filme
pois, se cantam-te aos ecos, levam-te também
e já cai o horizonte anulado de tolas peças frias
quais tragédias erguidas em comunhão e cor
e carregam-te à imagem que te fiz, e toda a dor
qual assaz delinquência à queda-prévia de cenas
todas estas, vénias. todas elas, à leve novena
do meu terço em credo do teu nome que o desvia
a todo: um dia(outro) teu..
Poema de Azke
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quinta-feira, 14 de março de 2013
pequena flor na janela
Poema de Vânia Lopez
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Boa noite
Quando o manto de horas negras cobre a luz de todos os lugares
Não restam sonhos inocentes, nem sentimentos sinceros
Dentro de corpos embriagados, vestidos de vício
Sem sentir, vagueiam sem sentido
Rasgando noites imperfeitas cobertas com véus transparentes
Onde atrás de cada porta o mistério toma a forma de sorrisos
As curvas assumem-se suaves, como idílicos paraísos
Na terra das sensações pronta a conquistar
É o princípio da viagem ao fundo do ser
Quantos corpos largados, dias, semanas, meses por amar?
Tantos brilhos transformados na solidão sob o luar
Tantos corpos enganados por promessas ao por do sol
Vencidos, sem encanto, pela indiferença do destino.
Quando este manto de horas negras revelar o infinito céu estrelado
Cobrindo a vontade de metade do mundo
Mostrará a sua nocturna imensidão, onde cada ponto brilhante é vida
É sonho, por mais ínfimo que seja é luz.
Sim, pode ser diferente.
Poema de Nuno Marques
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quarta-feira, 13 de março de 2013
sábado, 2 de março de 2013
Poesia, MPB e cultura cigana marcam o primeiro Sarau Donana de 2013
Alessandra David e a companhia de dança Kaminhoo Cigano
Ivone Landim
Dida Nascimento
Gabriela Boechat
Idi Campos
Moduan Mattus
Sil
Josy Louzada
A menina Marília recita José Paulo Paes sob os olhos orgulhosos da mãe Sil
Pó de Poesia e Enraizados juntos e misturados
Poeta Xandú
O Desmaio Públiko foi um coletivo poético que agitou a cena cultural da Baixada Fluminense na última década do século 20. Seus poetas integrantes interpretavam suas performances de forma supreendentemente teatral nos bares, tomando de assalto a boemia da região. Foi para contar a história de sua formação entre outros momentos marcantes do já lendário grupo cultural que o poeta Eud Pestana - um de seus idealizadores ao lado de Cézar Ray - e sua companheira, a também poeta Ana Cajueiro, se apresentaram especialmente a convite do coletivo Pó de Poesia na edição de fevereiro que abriu o Sarau Donana do ano de 2013 no Centro Cultural Donana, na cidade de Belford Roxo.
O sarau também teve a participação especial do cantor e compositor Roberto Lara que cantou e tocou diversas de suas composições. A educadora Alessandra David se apresentou com sua companhia de dança cigana Kaminhoo Cigano da Fundação Santa Sara de Kali, nos mostrando e contando um pouco da trajetória da cultura cigana na história da humanidade.
De resto o que rolou foi muita poesia com os poetas do Pó de Poesia como Ivone Landim, Marcio Rufino, Camila Senna, Idi Campos, Gabriela Boechat e do Desmaio Públiko como a própria Ivone, Eud, Ana, Moduan Mattus, Sil e a atriz Josy Louzada. A trupe do Movimento Enraizados Dudu de Morro Agudo, Slow da BF e Samuca Azevedo também prestigiaram o evento nesta linda noite de sábado.