Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 9 de março de 2011

Era manhã. Sempre fora manhã na infância: as ruas nuas
de brincar. Mas como numa odisseia sob o sol era preciso
subtrair-se aos perigos da corrente voraz e cíclica das
estações. De monstros marinhos, de corsários temerários,
de uma iara mimosa e de peitos de leite que se escondia
atrás de misteriosos escolhos. Como seria fácil a vida
debaixo do azul, este azul todo disperso numa gratuita
tessitura em que os pássaros de cada dia entoassem o pif-
pif de doces antigas flautas. As mãos ávidas tirando o
sono dos olhos ainda pregados à superfície do sonho. A
boca de dentes cariados se abrindo imensa para sorver
num gole a manhã láctea e morna. E depois a água mais
suja — mais pura — envolvendo engenhosamente o rosto
de uma máscara fina e reluzente. As pontas dos dedos
para sempre engelhadas sob a infinitude das unhas, que
crescem como um tubérculo rebelde — sabe-se lá que
outras coisas brotarão? O café com leite ainda está ali,
esfriando na mesa quase eterno. A tarde será como um
longo cochilo. E à noite o menino novamente envelhece-
rá, como uma árvore, como a capa de um livro ou um
quadro pendurado na parede do quarto.

Este texto também está publicado no meu blog,
www.comtexturas.blogspot.com
e na coletânea Cartilha, minha primeira reunião de poe-
mas em livro, publicada sob o pseudônimo José Antonio
Reis e disponível no site Clube dos Autores, no link
http://www.clubedeautores.com.br/book/40015--
CARTILHA
Boa leitura!

Autor: João Lima

Quarta e sono

Perco o sono,
Ligo o som
Coçam-me os pés.

Sambo só,
Canto o tom
Suo na tez.

Vou que vou,
Nessa dor
Síncope dez.

Terça é gorda,
É o calor
Máximo! Festa.

Trio do bom
Rio cantou.
Quarta já chega.

Cinzas, coro,
Reza o povo
Fé brasileira.

Poema de Yayá