Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 28 de outubro de 2012

"Abstract & free - o cunho da arte pura"

as mãos

as árvores tensas de vento
manchas verde seco que invadem bairros de pó
as árvores nascentes
que são mães de sol para o dia
pernas de mundo e sonho
ágeis e voláteis
tudo são mãos
o deus do dia é também pincel na tela
colorida louca suja ténue
a rua está suja de tinta como o coração
dos lamentos das pedras
pincela tempos forma a forma
os segundos são árvores
manchas verde sempre seco pairadas no calor
de asfaltos calcados pelos momentos
do sol

os rostos

têm pontos por onde passa o tempo
têm vozes rasgadas no espaço
que cantam a saudade e a cidade
têm medo da morte dos impulsos
harmónicos da dança das sombras
observa e vê rostos limpos
do suor dos minutos minimalistas
metálicos e fáceis duros e intensos
têm estórias por contar que o silêncio
não perdoa
que significa isso
pergunta o céu e o vagabundo
são mapas sem razão
fundidos no fel das horas infiéis
passam por nós como multidões
sem condão nem enredo

os vazios

são asas
e ramos sem dança
casas derrotadas
coxas sem passos
são rimas sem pontos
sonetos sem almas nuas
criança sem horizonte
e estrelas sem infinito
sons sem fagote
jazz sem membros
mas também cores
de Rothko e Pollock
com o Grito de Munch
junto com as nossas quietudes
habitadas e seguras

as artes

mulheres e varandas inclinadas
prédios de traça melancólica
sujeitos a leis de abstracção e liberdade
relvas enxutas de cor de outras estações
pedestais de esquecimento
contra o cinzento dos muros
pintados a spray soprado pelo mar
com vontades etéreas
homens em fatos coloridos e gravatas tristes
e sapatos orgânicos
cães e ruínas
tangos e madrugadas
poemas despidos de noite
esquinas e outras dimensões
bibliotecas esguias eternas santas polidas amantes
corredores sem tecto
onde se espreita os labores incomuns


tudo é uma arte desmedida e fervilhante
um centro de arte moderna quotidiano
pinturas sem vírgulas e documentários sem fundo
tudo existe abstracto & livre como os caminhos
e os acordes marinhos do tempo sinfónico
as harmonias e os ritmos das gentes

(Ago. 12)



Poema de Carlos Teixeira Luís



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