Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 12 de junho de 2011

Vamos dividir a violência

Vamos dividir a violência
como Cristo que repartiu o pão com seus apóstolos
: uma fatia para o crime desorganizado da sociedade
e uma migalha para os laranjas pés-de-chinelo,
outra fatia para o Playmobil Militar bandido fardado
e outra migalha para a corporação recheada de carunchos,
um pedaço razoável para a Igreja Católica
- que faz de tudo para esconder e esquecer -
e a maior parte para a camisinha do Papa
capitalista.

Vamos dividir a violência
como Cristo que multiplicou os peixes para seu povo
: uma fatia para o nosso machismo afeminado
e uma migalha para todo preconceito racial e social,
outra fatia para os motoristas imprudentes
e outra migalha para os pedestres preguiçosos,
um pedaço razoável para o estuprador e a prostituta
- que fazem de tudo por gozo e luxo -
e a maior parte para a constelação do Paraíso
individualista.

Vamos dividir a violência
como Cristo que idealizou um mundo em comunhão
: uma fatia para os políticos paleolíticos
e uma migalha para suas orquestras de eleitores,
outra fatia para toda censura física e moral
e outra migalha para os assassinos pró-pena de morte,
um pedaço razoável para o intelectual esnobe
- que faz de tudo pela autopromoção -
e a maior parte para o milagre da história
moralista.

Vamos dividir a violência
como Cristo que se crucificou por amar demais
: uma fatia para os homens com seus relógios
e uma migalha para os jovens com seus umbigos,
outra fatia para as mulheres com seus espelhos
e outra migalha para as crianças sem fim nem futuro,
um pedaço razoável para drogados e caretas
- que fazem de tudo para viver à margem -
e a maior parte para a condição humana
maniqueísta.

Poema de Andri Carvão