Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Deveres desumanos

Não me comovo.
Pau no cu
da ararinha azul!
Eu quero é ovo!

A Lei do Homem rege um mundo sem leis.

E eis que aqui está escrito
: propaganda política é propaganda enganosa
e onde lê-se: Horário Eleitoral Humorístico,
violência gratuita, agora está escrito.
Congresso não rima com Progresso
se o direito ao voto é obrigatório.
Assim está escrito.

De braços cruzados - de bruços no chão!

E eis que aqui está escrito
: o bonito é ser feio
ou quem só tira foto não fica feio na foto
e onde lê-se: o papel da imprensa marrom
não serve nem pra limpar a bunda, agora está escrito
: a arte retrata a miséria humana só para leigos
e uma imagem vale mais do que 15 minutos de cama.
Assim está escrito.

Como ter modos perante um mundo disforme?

E eis que aqui está escrito
: nada mais lúdico do que o R$,
pois o lúdico ilude e o ilusório aliena
e onde lê-se: a alienação é a base de todo
sofrimento humano, agora está escrito: nos outdoors,
automóveis e modelos ocultam favelas de concreto
onde meninas de 11 anos menstruam fetos.
Assim está escrito.

Viadutos para os desabrigados!

E eis que aqui está escrito
: o povo é solidário e a elite, caridosa
e onde lê-se: o povo precisa de um atirador de elite,
porque burguês tem que morrer no ninho,
agora está escrito: sem essa de final feliz
que eu não morro sempre.
O contentamento é a única unanimidade.
Assim está escrito.

Felizes são os xucros!

E eis que aqui está escrito
: se existisse moradia não existia FEBEM
e onde lê-se: quem fez faculdade tá comendo merda
e quem não fez, não tem merda pra comer,
agora está escrito: pra quem tem o mundo nas mãos
e uma garganta rouca e louca para gritar,
como se sentir impotente diante da TV?
Assim está escrito.

O Mundo é nosso, mas abraçá-lo não posso.

E eis que aqui está escrito
: confio mais no meu medo do que na tua coragem
e onde lê-se: à merda com toda essa droga
e à merda com tudo isso agora, está escrito:
todo mundo se mata, todo mundo é vivo.
Assim está escrito.

A condição humana é servidão!

E eis que aqui está escrito
: eis a arte de simplificar o inexplicável
- a revolução particular do poeta -
e onde lê-se: os ricos matam os pobres e os pobres
matam os ricos, agora está escrito:
o meu ouvido não tem paredes. Sim!
Assim está escrito.

O que é de todos não se divide.

Poema de Andri Carvão