Beije-me, mas sem milagres.
Fale-me, mas sem imagens.
São poucas coisas que nos concernem e por isso são indeléveis.
Sussurre em nossa gula, criemos uma melodia partida.
É da sua fadiga que me ama aos toques e com sua guarida o êxtase último.
Ponha-me dentro de sua voz, repita o querer dos nós.
Da infidelidade dialética sairemos salvos em nossas contradições.
Subverta-me sem parcimônia acalme meus pesadelos com seus laços.
Deixemos a perfeição caótica para aqueles que nos despem sem tocar.
Ontem desacreditei, hoje subjugo cada gota do meu suor em sua fronte.
Beije-me rosa e não aceite a morte de suas pétalas.
Beije-me que amanhã saberei dizer o que fiz da vida além retórica.
Abre-me rosa a sua vírgula que vencido, saberei o que é eterno.
Rodrigo Passos